O vereador Jander Lira (DEM) disse que a base governista na Câmara de São Caetano ameaça se romper entre os nomes do prefeito afastado, José Auricchio Júnior (PSDB) e o prefeito em exercício Títe Campanella (Cidadania) e com base nisso acha que é o momento do seu partido ocupar uma lacuna. Lira colocou seu nome a disposição do partido para disputar o cargo de prefeito, caso haja nova eleição na cidade, porém ainda não recebeu nenhum posicionamento da sigla.
Lira destacou a insegurança da gestão Tite, que opera com secretariado definido pelo prefeito afastado, causando sensação de governo provisório, o que favoreceria o surgimento de novos nomes para uma eventual nova disputa. Na cidade Auricchio, o mais votado na última eleição, recorre na Justiça Eleitoral para ter seus votos validados e assumir o palácio da Cerâmica. Caso o plenário não acate sua defesa, novas eleições serão convocadas.
“Essa indecisão sobre se e quando vai ter eleição; se o prefeito afastado volta, se não volta, isso tudo deixa dentro na administração aquela sensação de que as coisas são provisórias, que são temporárias, e isso impede que se faça um planejamento. De certa forma a justiça tem responsabilidade neste clima que a cidade passa. Porque se tivesse expedido a decisão de que vai ter ou não vai ter a eleição a gente já tinha uma ultrapassado essa fase”, avaliou Jander Lira que participou do RDTv desta terça-feira (17/08), sendo sabatinado pelo jornalista Leandro Amaral.
Para o vereador e membro da bancada oposicionista na Câmara, o prefeito Tite Campanella deve se soltar das amarras do prefeito afastado e impor seu próprio estilo de governo. “É difícil herdar um governo e não ter poder total sobre seus comandados. No meu entendimento o prefeito comete um erro, precisa criar o novo, precisa dar um cavalo de pau, esquecer o ex-prefeito e dar uma marca à sua gestão. Se tivesse feito isso, mostrado a que veio, acredito que a situação da cidade estaria melhor. Até a equipe que ele tem obedece mais ao prefeito passado do que a ele, não tenho dúvida. Apesar desses secretários dizerem que seguem a administração do Tite, a gente sabe que na política não é assim que funciona”, aponta Lira.
Generosidade
Ao passo em que diz que a oposição tem sido generosa com Tite por entender o momento político da cidade, o vereador também diz que vereadores da base governista já atuam mais contra do que a favor do prefeito em exercício. “A oposição está até sendo generosa com o Tite, no sentido de dar um crédito para ele. Mas cobrando sempre esse posicionamento de se desligar-se do prefeito afastado. De uns três meses para cá (Tite) fez algumas mudanças no secretariado e isso começou a criar um conflito na base governista que é muito ligada ao ex-prefeito. Acredito que tem muitos governistas que já são muito mais oposição e já se enxerga no horizonte uma possiblidade de rompimento. É impossível governar quando o passado quer mandar no presente. Na Câmara há quem se diz governista, mas que está boicotando o governo, ou fazendo corpo mole. Tem governista mais crítico que a própria oposição. Esse rompimento é natural e necessário entre o prefeito afastado e o atual”, disse Lira.

O DEM estava no arco de alianças do candidato Fabio Palacio (PSD) no ano passado. Mas agora Lira diz que sua tendência é seguir outro caminho, analisando o resultado das urnas, ele avalia que há espaço e que o seu partido precisa se aproveitar para crescer. “Coloquei meu nome à disposição do partido porque entendo que na eleição passada o eleitor colocou que não quer nenhuma das duas opções, os votos brancos e nulos foram maiores do que os do prefeito eleito e maiores inclusive do candidato que eu apoiei, então eu entendo que a população quer o novo e está cansada dos políticos tradicionais. Os dois foram líderes do prefeito afastado, fizeram parte dos governos do prefeito afastado, portanto são banana do mesmo cacho”.
Apesar de ter comunicado ao ex-prefeito e presidente municipal do DEM, Paulo Pinheiro, a sua decisão de colocar nome para uma eventual eleição, Lira ainda não obteve qualquer resposta e diz aguardar ansiosamente um retorno. “Comuniquei ao nosso líder, o ex-prefeito Paulo Pinheiro, mas a direção do partido não me procurou ainda para falar disso. De qualquer forma meu nome está posto e vou para a convenção do partido me apresentar e vamos para a disputa. Espero que a estadual e a municipal avalizem e aceitem meu nome. Inacreditável que um município como São Caetano não tenha um candidato a prefeito, a gente deixa de ter um candidato próprio para apoiar um terceiro. Caso tenha novas eleições, estou esperando o partido me procurar para conversar à respeito”, disse Jander Lira.
O vereador democrata disse que Paulo Pinheiro achou sua decisão precipitada ao mesmo tempo em que achou interessante disputar a eleição. “Como o DEM quer ser força importante aqui? Eu discordei quando Paulo não foi o vice do Fabio Palacio e colocou-se outro (Saul Klein – PSD). O Dr. Paulo foi escondido na campanha e apresentou-se o herdeiro da Casas Bahia de quem se soube depois do histórico nada saudável. Mas com o Fabio, o PSD fez dois vereadores. Por isso que defendo meu nome para fortalecer o partido”, coloca o vereador.
Jander Lira diz que aceitará o que o partido definir, mas somente após muita conversa. “Sou do diálogo, mas não sou pau mandado de ninguém, enfiar goela abaixo não aceito não”, resume.
Por fim Lira falou sobre as contas da prefeitura do ano de 2016, o último da gestão Paulo Pinheiro, que estão na Câmara. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) deu parecer pela rejeição das contas de Pinheiro por conta de um déficit de 4% do orçamento. O Legislativo pode acatar a corte de contas ou pode rejeitar o parecer e aprovar as finanças daquele ano. A divisão de forças na Casa de leis é que irá decidir, apesar de que Lira disse que ainda não há movimentação em torno desta votação e nem de quando o parecer irá ser submetido ao plenário. “Ele teve as contas rejeitadas porque deixou déficit de 4%, quatro anos antes, em 2013 quando ele assumiu, o prefeito Auricchio deixou 34% de déficit. Tribunal tinha que ter aprovado com louvor porque em quatro anos ele cobriu 30%. Eu vou votar pela provação, a bancada governista tende a votar orientada pelo prefeito”, finaliza.