
A Universidade Federal do ABC (UFABC) começa a operar em setembro, nos campi Santo André e São Bernardo, com novo sistema de geração de energia por luz solar. A usina tem 663 kWp de capacidade e vai produzir 66 mil kWh/mês com nove subsistemas. Esse volume de energia teria capacidade para abastecer 330 residências de porte pequeno a médio ou manter 275 mil lâmpadas de LED em iluminação pública.
O projeto inclui a substituição de lâmpadas fluorescentes por de LED e reforço de campanhas de conscientização no uso de eletricidade. Essas iniciativas devem gerar economia anual de até 15% no custo da universidade com energia. O custo médio mensal da instituição com o fornecimento desse serviço foi de aproximadamente R$ 390 mil nos 12 meses anteriores à suspensão de atividades presenciais – por conta da pandemia da covid-19 – em março de 2020.
Em entrevista ao RD, o professor Ricardo da Silva Benedito, explica que apesar das intercorrências, o projeto foi finalizado em apenas um ano. “Começamos em 2016, mas por conta de algumas dificuldades com documentação, entraves e execução do projeto, tivemos de adiar. Então veio a pandemia e tivemos de parar novamente, mas fora isso, levamos um ano para desenvolver todo o trabalho da usina”, conta.
A expectativa do docente é que já nos primeiros resultados, a usina fotovoltaica demonstre à sociedade e indústria um modelo mais avançado de economia e desenvolvimento. “Temos uma das maiores, se não a maior usina fotovoltaica do Estado. Um trabalho que resultará em uma grande economia em um momento que as contas só aumentam, principalmente os gastos de energia elétrica”, salienta ao frisar que a iniciativa possibilitará grandes aprendizados para a sociedade e alunos no que se diz respeito a Energia.
A nova infraestrutura servirá para incremento de estudos científicos em três frentes: a influência dos microclimas de Santo André e São Bernardo na geração de energia elétrica, a relação da configuração dos telhados que receberam os módulos com o desempenho da usina e o impacto qualitativo na rede elétrica. Os estudos associados ao projeto se concentram no ramo de geração distribuída fotovoltaica com oferta de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no programa de Pós-Graduação em Energia da UFABC.
A instalação do sistema fotovoltaico e a troca de lâmpadas contaram com investimento em torno de R$ 5,5 milhões e as atividades de pesquisa e desenvolvimento recebem mais cerca de R$ 2 milhões. O financiamento tem como origem um convênio entre UFABC e Enel, no qual a operadora do serviço de energia fica responsável pelo aporte financeiro, como participante de projeto de eficiência energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Em dias ensolarados, os módulos fotovoltaicos instalados na UFABC entregarão uma tensão contínua de aproximadamente 600 volts, que posteriormente será convertida em tensão alternada de 220 volts para ser compatível com a rede elétrica das edificações. A energia produzida em cada um dos nove pontos de conexão da usina alimentará os equipamentos ligados na respectiva rede. Haverá total integração com o sistema pré-existente e os arranjos fotovoltaicos ficarão nas coberturas de prédios nos campi.