
Nesta terça-feira (28/9) parte das indústrias vai receber aviso de greve do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC por não ter aceito reajustar os salários dos trabalhadores nem para repor a inflação do período, de 10,42%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). São empresas dos grupos G2 e G-10 que atuam nos segmentos de máquinas e de metais não ferrosos, e que empregam aproximadamente 10 mil trabalhadores.
Na sexta-feira (24/09), em assembleia os trabalhadores metalúrgicos aprovaram as propostas negociadas com as bancadas patronais que chegaram ao reajuste de INPC no valor de 10,42%, aplicados de uma só vez aos salários. A maior parte das empresas aceitou repor a inflação nos salários. Ao todo são 45 mil trabalhadores integram a campanha salarial dos metalúrgicos do ABC.
Segundo o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, foi uma negociação longa em que os trabalhadores nem pediram aumento real de salários. “Foi pedida somente a reposição da inflação do período, mas algumas empresas não aceitam, ainda querem parcelar o reajuste, mas o trabalhador não aguenta mais, a inflação atingiu principalmente os alimentos e os combustíveis, o que se está pedindo não é nenhum capricho, é necessidade mesmo”, explicou.
Os grupos das empresas cujos sindicatos patronais não acertaram com o sindicato dos trabalhadores incluem empresas, como a Prensas Schuller, em Diadema, Grob, Toledo e Otis, em São Bernardo. A partir do aviso de greve as empresas terão 48 horas para apresentarem propostas ou a greve será iniciada. “Há um clima de mobilização muito grande por parte dos trabalhadores cujas empresas não aceitaram o reajuste; ficaram inconformados, diante de outros que já tiveram o reajuste aprovado”, disse Salerges. “As empresas alegam que o aumento de 10,42% é muito alto, não esperavam um aumento na casa dos dois dígitos, mas o trabalhador também não consegue esperar mais. O sindicato torce para que as empresas apresentem proposta para que não seja necessária a paralisação, pois a situação já está tão difícil para todos”, diz.
Garantia
Os grupos e sindicatos que fecharam negociação neste patamar, ou acima, foram o G8.2 (Sicetel e Siescomet) Sindratar, Sifesp, Sindifupi, Sindicel, G3 (Sindipeças, Sindiforja e Simpa) e G8.3 (Simefre e Sinafer). Nessas bancadas os trabalhadores também terão garantida a renovação da convenção coletiva de trabalho.
Durante a assembleia, realizada na sexta-feira (24/09) em frente à Regional Diadema, o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, destacou que nenhuma proposta que desrespeite os trabalhadores, como as que incluem parcelamento do INPC, será aceita. “Aos patrões que apresentaram propostas absurdas ou que não sentaram para negociar saibam que receberão aviso de greve. Se não quiserem ter suas fábricas paradas devem procurar a Federação. Aos demais companheiros, que pela luta conquistaram o aumento, parabéns e vamos em frente”, ressaltou.
Com data -base em 1º de setembro, a campanha salarial dos metalúrgicos do ABC é conduzida pela FEM (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos) da CUT, que representa 13 sindicatos de metalúrgicos do Estado de São Paulo.