A poluição nos rios Tietê e Pinheiros não diminuiu em estudo comparativo realizado pelo Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), durante expedições entre 2020 e 2021, mesmo após novas ações do governo estadual. O principal índice utilizado pela pesquisa é do DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), que apresentou níveis de poluição até 10 vezes maior que o considerado normal.
A professora e coordenadora do projeto, Marta Marcondes, comentou em entrevista ao RDtv que após realizar coletas durante expedição de 3 dias nos rios analisaram que os índices de DBO estavam próximos a 80 miligramas por litro, sendo que o normal é de 8 a 10 miligramas por litro. “Essa é a quantidade de oxigênio que os organismos usam para degradar a matéria orgânica, e vimos que não tivemos uma diminuição de julho para agosto do ano passado para este ano”, comenta.
As coletas durante a expedição foram realizadas em locais estratégicos para os pesquisadores e próximo às pontes João Dias, Jaguaré e Cidade Jardim. “Ficávamos nestes locais e fazíamos a coleta de água no fundo, para ser da forma mais precisa, então coletamos um meio metro para dentro da água, e passamos um dia nessa parte do rio Pinheiros, na Capital”, diz a bióloga
Dentre os principais pontos negativos da expedição, uma ilha de resíduos que foi encontrada próximo à Barra da Pedreira é destacada por Sandro Nicodemo, integrante do Coletivo A Voz dos Rios, que participou da coleta. “O barco encalhou no segundo dia, devido à ilha estar em local que faz divisa com a parte mais urbana do rio; havia muito plástico, tecido, por conta desse lançamento que é feito e acumula no fundo da represa, reduzindo a capacidade de água”, salienta.
Nicodemo comenta que as ações do governo de São Paulo são essenciais para a melhoria da qualidade dos rios, mas que começaram de forma tardia e devem ser realizadas nos afluentes e conexões que levam água para o Pinheiros e Tietê, e que muitos são no ABC, como o rio Tamanduateí, os rios de Santo André, Mauá e São Caetano.
Apesar de muito se falar sobre a proximidade da melhoria dos rios em São Paulo, e até o surgimento de peixes ser registrado no rio Pinheiros, Nicodemo e Marta salientam que o prazo para que isso ocorra é de até uma década, pois mesmo com ações avançadas os rios precisam de seu tempo biológico. “Os afluentes mais limpos levam esses peixes para o rio, além de obras de saneamento temos de aguardar o período de regeneração dele, que pode ser de 5 ou 10 anos”, completa o integrante.