
Neste fim de ano, o primeiro sem as amarras das restrições da pandemia, os comerciantes veem a chance de voltar aos velhos tempos de lojas cheias e prateleiras repostas várias vezes ao dia. Mas apesar do otimismo, o setor é conservador nas previsões de crescimento, não arrisca números acima dos 10%, em comparação com 2019, já que o Natal de 2020 foi atípico.
O presidente da Aciam (Associação Comercial e Industrial de Mauá), José Eduardo Zago, é otimista. Diz que se o comerciante souber aproveitar vai conseguir recuperar parte dos prejuízos acumulados desde 2020. “Vai melhorar sim, tanto para a Black Friday, que tem bastante foco nos eletrônicos, e o Natal que é 90% brinquedos. Eu acredito que ainda há uma demanda reprimida de consumo, o pessoal vai às compras e vejo uma avalanche de vendas, apesar de que as coisas ainda estão muito caras. O consumidor vai gastar um pouco menos, mas vai gastar”, acredita.
Zago avalia que o setor de bares e restaurantes, o mais prejudicado da pandemia, pode também recuperar parte dos prejuízos ate dezembro. “Tenho visto já alguns estabelecimento novos, gente que aposta em novos segmentos. Isso vai ser bom também para as famílias. Mesmo com as coisas mais caras, o consumidor poderá sair mais, muita gente quer confraternizar fora de casa. Os restaurantes poderão vender ceias prontas e também aproveitar as confraternizações de empresas”, aponta.
O presidente da Aciam acredita que este Natal deve ficar entre 5% e 8% melhor que o de 2019. É nessa expectativa que se apega a nutricionista Carolina Nunes da Rosa, que perdeu o emprego no início da pandemia e apostou em negócio próprio, a Marmitaria.com, especializada em marmitas fitness. Carolina conta que, mesmo na pandemia, a empresa cresceu e no fim do ano passado faturou bem. “Mesmo em dezembro, quando as pessoas estão mais preocupadas com festas, podemos avaliar que cada vez mais elas pensam em se alimentar melhor e buscam praticidade que é o que temos a oferecer com nossas marmitinhas congeladas”, diz Carolina, que já planeja novo menu com um clima natalino. “Um queridinho que adoro é o tender assado com pêssego e abacaxi, nosso salpicão com pernil desfiado e a famosa maionese natalina com ou sem passas”, anuncia.
Os números da Marmitaria.com já mostram que a aposta de Carolina foi acertada e, aos poucos, cresce. “Ano passado tivemos o tíquete médio de R$ 138 em setembro e este ano já estamos em tíquete R$ 174. Nossos números têm subido e acredito que dezembro será muito bom para nós”, diz a empresária de Mauá.
Tíquetes menores
Pedro Cia, presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), diz que os comerciantes estão mais animados, porém não arrisca previsões. “Está mais animado, mas não temos grande expectativa de crescimento, porque com o desemprego alto a demanda de consumo mais contida, os clientes esperam as ofertas da época. Dessa forma prevemos tíquetes menores”, analisa.
Cia também considera que o setor de bares e restaurantes pode ter a chance de recuperar parte dos prejuízos com um movimento bom neste fim de ano, porque a população está ansiosa para confraternizar. A Acisa, neste ano, não fará uma grande campanha com sorteios, mas manterá a ação “Compre em Santo André”, com atividades nos centros de bairro para estimular o consumo. “Quem investiu na venda online, sobretudo os pequenos comerciantes, terá boa chance de lucro. A venda pela internet e o avanço da vacinação vão favorecer a economia este ano”, comenta.

Para o gerente da loja Miamor, da rua Coronel Oliveira Lima, em Santo André, Wellington Marques de Oliveira, uma amostra do que poderá ser o fim de ano já foi notada pelo movimento da loja que ofereceu vários itens para as festas de Halloween. “A expectativa nossa é a melhor possível, o Halloween já foi muito bom, a Black Friday costuma ser boa também”, diz.
O forte da Miamor são produtos para datas comemorativas e o Natal já marca presença com o carro-chefe, a árvore e muitos enfeites. “Vamos ter uma linha completa de pisca-pisca e a procura já está grande”, anuncia o gerente, que estima crescimento de 8% a 10% sobre o Natal de 2019 e um tíquete médio entre R$ 120 a R$ 150. Lima espera uma recuperação gradual das vendas em outros segmentos, como papelaria. “Em novembro algumas escolas já soltam listinha de material, então estamos preparados, então essa é uma área que já começa agora a crescer e vai até o ano que vem”, prevê.

Movimento nas calçadas
Filipe dos Anjos, proprietário da Philip Shop, loja de roupas masculinas no Centro de Diadema, diz que o ritmo de vendas em setembro já foi melhor do que nos meses anteriores. O lojista acredita que será um fim de ano bem positivo, pois o movimento nas calçadas está melhor e a vacinação trouxe segurança para o consumidor ir às compras. “Há um ano a insegurança era muito grande e em 2020 o cliente não comprou o que precisava, não voltou ao nível de consumo que tinha antes”, diz o comerciante.
O lojista aponta que ainda faltam alguns itens na cadeia produtiva, mas que tem substituído produtos pelos de outros fornecedores para manter a vitrine atrativa. A loja também renovou a equipe para o fim do ano faz previsão “pé no chão” para o Natal de 2021. “Se mantivermos o resultado de 2019, que já não foram tão bons, já estaria de bom tamanho, mas acho que podemos chegar a crescer 5%”, estima.