O secretário de Educação de São Caetano, Fabricio Coutinho de Faria, em entrevista ao RDTv desta terça-feira (16/11), fez um balanço da pasta neste ano, falou do retorno às aulas presenciais, que já está perto de 90% na rede municipal, do calendário escolar para 2022 e da polêmica mudança no ensino médio da escola Arquiteto Oscar Niemeyer, que foi alvo de reportagem no RD. Para Faria, foi um ano desafiador e o próximo será de recuperação de conteúdos para os alunos. O secretário falou, também, do processo de municipalização das escolas que depende da negociação com o Estado.
As aulas vão até o dia 21 de dezembro na rede municipal e os professores entram em férias no dia 23. “Foi um ano muito pacífico, pois organizamos de forma remota as aulas e outros alunos tiveram atividades impressas, mas tivemos um acerto e uma adesão muito grande no retorno presencial. Está sendo um grande desafio para todos que trabalham com a Educação. Importante terminar antes do período de festas para que a gente possa ter férias em janeiro e voltar no início de fevereiro com todo mundo imunizado, com uma segurança muito maior do que foi no início de 2021”, prevê o secretário. “A pandemia mostrou, principalmente para os anos iniciais da alfabetização, o quanto é importante o aluno estar em sala de aula. O ensino remoto é uma ferramenta a mais para contribuir com a Educação, mas em nenhum momento ele substitui o professor em sala de aula”, continua Fabrício Coutinho.
Os alunos que não retornaram ao ensino presencial e não realiza, as tarefas remotas ou impressão não vão passar de ano. “Temos em torno de 5% a 10% dos alunos que não voltaram presencialmente, mas estão fazendo a atividade remota. O nosso conselho municipal de Educação, publicou na semana passada portaria em que diz que os alunos que, por algum motivo não fazem as atividades remotas, e não fazem as atividades impressas, serão retidos no final de 2021”, anuncia o secretário.

Em 2021 foi feita uma flexibilização do currículo escolar por conta da pandemia e a mesma situação ocorrerá no próximo ano, porém, como não há previsão de suspensão das aulas presenciais como ocorreu este ano haverá uma compensação. Ano que vem não haverá interrupção e um tempo para recuperar essa grande perda com a pandemia. “Em 2022 teremos uma flexibilização ainda maior do nosso currículo, para contemplar os nossos alunos com o que realmente é importante. Temos muitos alunos que perderam familiares, que os pais ficaram desempregados e que por algum motivo tiveram o emocional abalado. A situação é complicada em que o professor tem que lidar com situações diferentes do cotidiano e nem sempre o conteúdo pedagógico proposto vai atender todos os alunos, por isso é importante ter esse olhar e dar uma atenção especial. Tem também uma preocupação dos pais com relação ao excesso de conteúdo que vai ser dado aos alunos. Por isso temos que ter um olhar diferenciado”, diz.
Coutinho disse que em 2021 o ensino viveu duas situações primeiro a migração do público para o particular onde as aulas presenciais começaram antes; depois o movimento inverso. A rede municipal de São Caetano tem hoje 21,5 mil alunos, em torno de 4 mil funcionários, sendo 1,8 mil deles professores da educação infantil, fundamental e do ensino médio. A vacinação traz a esperança do retorno seguro em 2022. “Temos 100% dos funcionários imunizados com exceção daqueles que não quiseram ou não querem tomar a vacina; mais ou menos 30 funcionários não tiveram interesse na vacina, um número baixo. São 8 mil alunos estão na faixa etária da vacinação (acima de 12 anos)”, contabiliza.
Polêmica
Nos últimos dias mudanças nas matrículas para o ensino médio na escola Arquiteto Oscar Niemeyer foram notícia. Alguns pais, alunos e professores realizaram protestos contra o encerramento das matrículas para ingresso para este grau de ensino na unidade. A Prefeitura vai manter os segundos e terceiros anos do médio até a formatura dos alunos. Fabrício Coutinho explicou que a mudança foi necessária para garantir salas de aula para os alunos do fundamental II, mas que os estudantes não serão prejudicados e terão aulas no Alcina Dantas Feijão ou no Colégio Universitário.
O secretário explicou as razões da mudança. Tem aumentado e muito a oferta de vagas no ensino médio na rede municipal. Começaram em 2017 com 300 vagas, depois 500, 800 e no ano passado 1.200, para o próximo ano o município vai ofertar 1.305 vagas para o primeiro ano do ensino médio. No decorrer de 2021 tentaram prédios de escolas estaduais para que pudessem voltar a fazer parte da rede municipal, o que aconteceu com o Laura Lopes, que tentaram a municipalização em 2019 e não deu certo, mas nesse ano o Estado devolveu o prédio para o município.
Coutinho conta que tentaram outras escolas, sem sucesso. “Se tivesse conseguido teria neles um grande número de alunos do fundamental II e como nós não conseguimos, ampliamos as vagas do médio, mas teríamos que também abrigar os alunos do fundamental II então nós fechamos a entrada para o primeiro ano do ensino médio no Oscar Niemeyer, mas os alunos que estão vão continuar lá. Os alunos que estão no nono ano, não tinham uma garantia que iriam estudar no Oscar Niemeyer, porque é um processo seletivo em que o aluno é avaliado pelo seu histórico escolar. Hoje 60% a 70% fazem a opção pelo colégio universitário, que começou lá em 2018 e já tem uma boa aceitação. Nas salas que ocupariam o primeiro ano do médio (no Oscar Niemeyer) vamos colocar alunos do sexto ano das escolas ali próximas. Temos a intenção de adquirir mais escolas para o município como o Yolanda e o Moura Branco, as conversas com o estado continuam”, explica Coutinho. Na cidade todos os prédios são do município, que agora quer reaver os espaços para assumir o ensino médio.
“Os alunos e principalmente os funcionários não gostaram muito da nossa atitude, mas fizemos o melhor para a cidade, para uma rede toda e não numa única escola. A gente sabe o grande trabalho que a escola Arquiteto Oscar Niemeyer faz para a população e tenho certeza que vão continuar fazendo um grande trabalho, agora com o fundamental II e também com o segundo e terceiro ano do médio. Com isso vamos atender mais e melhor todos os alunos da rede municipal. Nenhum professor vai perder aulas com isso; todos estão com aulas atribuídas ou no Oscar ou no Alcina Dantas Feijão”, completa o secretário.