O resgate da cultura e resistência das periferias diante aos centros urbanos são fortalecidos com o projeto sociocultural Cozinha do Gueto, em Santo André, que traz o alimento como forma de fortalecer a economia local por meio das vendas e reabre as portas entre a Vila Suíça e Jardim Santo André. O espaço é originado de ações sociais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e dá voz aos pequenos empresários locais.
Ressignificar a periferia é o movimento que o projeto induz, segundo os integrantes Fabiana Lima e Neri Silvestre, que falaram em entrevista ao RDtv. “Representa a possibilidade de a gente poder trabalhar o afeto e a periferia como potência. De sair daquele espectro pra potência, porém as questões econômicas são o que nos fragiliza dentro da vivência e dos debates na cidade”, comenta Neri.
A cultura na Cozinha é fortalecida por meio dos griôs – como são chamadas pessoas mais velhas inseridas nas periferias, que detém conhecimento com as plantas e comida regionais e que resgatam a cultura. “O projeto resgata a comida nordestina dentro da periferia, o tempero, coentro, o feijão amassado com farinha, etc. Não é só um restaurante, mas um lugar de resgate onde vai ter a comunidade envolvida para sanar a saudade do nordeste”, comenta Fabiana.
Trabalhos sociais e culturais são vistos com bons olhos pela sociedade, mas Fabiana relata que é importante que o Estado veja as periferias com distância, a fim de garantir direitos e recursos. “Fomos adestrados para pensar de que o que é legítimo acontece no centro, a gente têm essa mentalidade e é o que a gente vive. Mas o centro depende da periferia, os periféricos vão para lá trabalhar, e o Estado precisa redobrar a atenção”, afirma.
Além disso, a Cozinha traz o resgate da cultura alimentar as ancestralidades de quem vive nas comunidades, que de acordo com Neri, mostram a importância dos clubes de várzea e escolas de samba nas regiões. “Eles trazem a vivência e cuidado com as crianças, então é possível pensar na periferia, que pensa na cidade, e quer pensar no pais e mundo”, diz. “Somos um tipo de periférico que acredita num novo mundo possível”, salienta.
O projeto também tem objetivo de trabalhar com a economia criativa e regional, de forma a fortalecer os micro empresários da região, e quem tiver interesse em contribuir e conhecer o trabalho das periferias pode comparecer ao local, na rua Hamurabi, 375, Vila Suíça, em Santo André, que será reaberta no dia 27, às 10h, com apresentações musicais, comida, feira de artesanatos e cultura local.
A venda dos pratos ocorre de forma antecipada, via WhatsApp: 11 98467-7791 / 11 96326-8063, com pagamento pelo pix: cozinhadoguetosantoandre@gmail.com. O valor é R$ 25, com taxa de entrega adicional de R$ 5 , até 5km, e R$10 acima de 5km. No cardápio há galinha caipira, polenta de ora pro-nobis, feijão fradinho e um mix de salada, ou opção vegana de moqueca de banana da terra, polenta de ora pro-nobis, feijão fradinho e um mix de salada.