
O ABC é um verdadeiro laboratório para estudos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Isso porque, segundo recente pesquisa publicada no Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo, Inovação e Conjuntura da USCS (Conjuscs), as cidades apresentam diversos desafios, entre eles déficit habitacional qualitativo e quantitativo de cerca de 230 mil unidades, tema este que poderia ser retratado de forma criativa, em sala de aula, a fim de proporcionar soluções que ultrapassam políticas públicas.
No estudo, o gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Ênio Moro, que também é responsável pela pesquisa, avalia que a criatividade é mote para a resolução destes desafios. “As soluções desses problemas perpassam pelas políticas de grande amplitude e podem, ainda, garantir profissionais mais bem qualificados para trazerem saídas a essas dificuldades encontradas atualmente no setor”, diz.
Segundo o pesquisador, as soluções a serem pensadas não são somente para aqueles projetos com acesso à terra e redistribuição de renda, mas também por aqueles de características técnicas como projetos de novas unidades habitacionais, reformas de imóveis já existentes e retrofit de plantas de edifícios que possuam funções distintas. “Temos muitos projetos que podem contar com a colaboração e criatividade dos estudantes, até mesmo questões de regularização fundiária e entre outros temas que hoje assolam as cidades do ABC”, avalia.
A mobilidade urbana também é um tema presente no estudo, e que pede pesquisas e propostas dos estudantes de Arquitetura. “O ABC possui um sistema de mobilidade muito fragmentado e pouco articulado. Apesar de alguns eixos significativos estabelecidos, como a Linha 10-Turquesa, Corredor ABD e as tradicionais rodovias (Anchieta/Imigrantes/Índio Tibiriçá), não há uma permeabilidade com o tecido urbano e com os usuários com a devida e necessária qualidade”, reflete.
Para o professor, adequado aos modais de mobilidade, poderiam ser estudadas e colocadas em prática soluções necessárias e intermediárias como uma rede VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), corredores segregados de ônibus em boa parte da área urbanizada e outras soluções que, atualmente são discutidas, mas que não são colocadas em prática. “Incontáveis boas práticas urbanas pelo mundo nos comprovam que a oportunidade de implantar melhorias nas cidades a partir das espacialidades geradas pelo desenvolvimento também uma excelente oportunidade de melhorar as cidades”, afirma.
Para isso, o especialista avalia que a agenda dos espaços públicos e privados de qualidade devem ser estimulantes ao estudante, além de ser necessária uma postura ativa do aluno na produção do conhecimento. “Capacitá-lo a aprender a aprender, saber trabalhar coletivamente, ter iniciativa, resolver problemas, mediar conflitos e, acima de tudo, reunir o que é definido como as competências para enfrentar de forma crítica, criativa e autônoma suas necessidades e curiosidades constroem esse novo paradigma”, diz.