
O aumento de síndromes gripais tem preocupado nas últimas semanas, principalmente com relação ao subtipo do vírus Influenza, a H3N2. Na região, as cidades ainda contam com números defasados para a doença, mas em Santo André dos 54 internados com gripe, 42 são casos confirmados do subtipo, Ribeirão Pires registrou neste ano 26 casos positivos, Mauá tem 10 casos e São Bernardo conta com 1 caso da doença.
A falta do diagnóstico para o subtipo têm afetado os dados das cidades, e Diadema diz que tem pessoas internadas com suspeita, registrou 8 casos do vírus Influenza, mas que ainda não foi informada pelo Estado sobre o tipo do vírus nos pacientes, já que a testagem de Influenza é feita por fração da população – vigilância sentinela – no Estado e existem apenas 21 unidades sentinelas, sendo que o município não sedia nenhuma delas.
Santo André salientou ainda que em 2020 não foi analisada a subtipagem do vírus, e que os dados atuais representam números dos equipamentos públicos e privados, cenário parecido com o de Ribeirão Pires que informou que não houve nenhum registro do subtipo em 2020. Já São Bernardo aguarda resultado laboratorial do Instituto Adolfo Lutz de 13 pacientes internados na rede municipal, outros 13 casos são da H1N1, 9 do subtipo A e 4 de vírus Sincicial. Mauá diz que nenhum dos casos positivados necessitou de internação.
O aumento das síndromes gripais também foi observado em São Caetano, que registra aumento de 31% nos casos, sendo 38 registros neste ano e 29 em 2020, apesar disso, a Prefeitura informou que nenhum dos casos é confirmado para a H3N2, e que só conta com duas pessoas internadas, sendo uma criança para o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e uma senhora hipertensa e com doença pulmonar obstrutiva crônica.
Apesar do medo quanto ao futuro da doença, Renato Grinbaum, professor do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que as chances de uma grande epidemia são baixas. “Esse surto de gripe que instaurou agora anuais, obviamente num pós covid com as pessoas já cansadas parece ser um pouco mais grave, mas não há cenário de um novo lockdown ou medidas mais restritivas quanto a isso”, comenta.
Mesmo que a vacina aplicada contra a Influenza não tenha proteção contra a H3N2, o infectologista diz que a proteção mesmo que parcial traz resistência maior ao vírus para a maioria das pessoas e que os cuidados aprendidos durante a pandemia são necessários. “As variantes maiores são responsáveis por grandes epidemias que vimos no passado, mas nada diz que esse subtipo do vírus seja uma variante maior, está sendo considerado variante menor”.
Dentre os sintomas da gripe são ressaltados a febre alta, tosse seca, dores musculares, e o risco maior se apresenta em grupos um pouco diferentes com os da covid-19, como em idosos, grávidas, pessoas com defesas baixas e com doenças pulmonares. “Apesar disso, as pessoas tem risco de ter, independente da cepa que seja infectado, um desfecho pior com a doença”, explica.
A falta de diagnósticos para o subtipo também preocupa, e Grinbaum diz que hospitais privados ainda conseguem realizar aos subtipos de influenza que o paciente foi infectado, o que não ocorre de forma recorrente no setor público. “Conseguimos no máximo chegar se é tipo influenza ou não, isso é basicamente função do Estado e o que a gente vê é que houve um desaparelhamento do Estado e conseguimos testar muito pouco, menos até do que países mais pobres”, completa.
Em Rio Grande da Serra, a Prefeitura informou que muitos munícipes tem procurado atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) com sintomas gripais, mas que nenhum dos casos foi confirmado para o subtipo até o momento.