Idealizador da PEC (Projeto de Emenda à Constituição) da prisão em segunda instância, o deputado federal Alex Manente (Cidadania) segue com esperança que a Câmara vai aprovar em dois turnos a proposta. Ao RDtv desta quinta-feira (30/12) o parlamentar falou sobre o cenário das eleições de 2022, apostando em uma unificação da terceira via em torno do nome de Sérgio Moro (Podemos) e do fim da polarização Lula/Bolsonaro, na qual acredita que acaba beneficiando o petista.

A PEC foi paralisada mais uma vez após a mudança de 17 dos 36 membros da comissão especial sobre o tema, movimentação essa feita por partidos com lideranças contrárias ao projeto. Manente aponta que dentro do grupo não haverá a votação e que o caminho será a votação em plenário.
“Isso nos dá uma sinalização que a adesão no plenário será suficiente para aprovar por maioria qualificada. Se os partidos contrários (a PEC) precisaram mudar 17 membros significa que temos uma adesão plena no plenário e a nossa expectativa agora é encerrar os trabalhos da comissão especial sem a votação, e levar diretamente ao plenário, estamos trabalhando para isso, para que antes que se inicie o processo eleitoral a PEC possa ser votada em dois turnos na Câmara e assim encaminhar essa responsabilidade para o Senado”, comentou.
Questionado sobre a vontade do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), de pautar tal votação em 2022, Alex ressaltou que o parlamentar quer colocar em votação e “que não vê problemas” no debate, mas não há qualquer base sobre qual seria o posicionamento oficial de Lira sobre o assunto.
Tal pauta também gera uma ligação direta com a disputa presidencial do próximo ano, principalmente na figura do ex-juiz federal Sérgio Moro (Podemos), defensor da medida, fato que internamente é considerado como um dos impeditivos para sua aprovação. Alex Manente nunca escondeu sua preferência pelo nome do ex-ministro da Justiça. Sobre o apoio nas eleições de 2022, o deputado aguarda as movimentações partidárias, entre elas, a possibilidade de uma federação entre Cidadania e Podemos. Caso isso ocorra, Alex pedirá votos diretamente para Moro.
“(Sobre o apoio a Sérgio Moro) A probabilidade disso é muito grande, porque de fato o Sérgio Moro foi um grande entusiasta da nossa PEC, apoiou enquanto Ministro da Justiça essa iniciativa e mais do que isso, a verdade é que ele foi o primeiro a falar em prisão em segunda instância no Brasil e a partir desse momento é que foi feita toda essa mobilização que ocorreu em todas as capitais. Assim é natural que tenhamos essa identidade com essa pauta e que nos une para defendê-lo na eleição. Agora temos que ter a noção do que significa essa terceira via para que possamos ir ao segundo turno”, concluiu.
Para Manente, Jair Bolsonaro (PL) não teria chances contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um possível segundo turno e considera que apenas um nome da terceira via teria chances contra o petista. Por enquanto este grupo está dividido entre os nomes de Moro, João Doria (PSDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Simone Tabet (MDB). Alex defende a união em torno de um nome, e no momento, vê maiores possibilidades em torno do ex-juiz.
ABC
No ABC, Alex Manente negou um afastamento proposital do deputado estadual Thiago Auricchio (PL), principal dobrada em 2018. O deputado federal alega que quando Thiago promovia algum evento era sempre em um momento em que Manente estava em Brasília, pois é o líder da bancada do Cidadania.
Sobre a possibilidade de manter a parceria, Alex alegou que dependerá dos encaminhamentos pós-janela eleitoral. A mesma resposta ocorreu sobre a possibilidade de fazer uma dobrada com Carla Morando (PSDB) em São Bernardo.
Estado
Em relação a disputa do Governo do Estado, Alex vê a possibilidade de segundo turno entre Rodrigo Garcia (PSDB) e alguém oriundo da esquerda – Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT) ou Márcio França (PSB), “dependendo se haverá união”. Sobre Tarcísio Gomes, apesar de não ser de São Paulo e apenas vir para tentar puxar os votos bolsonaristas, Manente não vê chances para o ministro.