
A Móveis Bartira demitiu na manhã desta segunda-feira (10/01), cerca de 500 dos 1.300 funcionários da indústria – 38% do efetivo total da fábrica de São Caetano. Segundo informações obtidas por meio de relatos dos trabalhadores, a demissão ocorreu após o fechamento de mais um turno da empresa, e o aviso aos trabalhadores ocorreu via telegrama, com a justificativa de que a empresa precisava “ajustar e balancear o estoque”.
Um dos trabalhadores dispensados, que preferiu não se identificar, conta que a produção já estava reduzida desde o ano passado, quando ocorreram as primeiras demissões. “A princípio encerraram o turno da noite, com demissão de aproximadamente 70 funcionários. Depois, com o passar do tempo, começamos a perceber que o movimento para os outros turnos (manhã e tarde) também diminuiu, o que preocupou os outros funcionários”, diz.
Acontece que, segundo o trabalhador, até mesmo os “funcionários da casa”, com mais de 20 anos de fábrica, também entraram para a gama de demissões. “Tinham funcionários no período de instabilidade, outros em período de estabilidade, mas todos receberam os mesmos telegramas”, frisa. “Não importa se você tem dois ou 20 anos de casa, te tratam da mesma forma, sem nem se importarem se você tem ou não família para sustentar”, reclama o trabalhador que estava prestes a completar 6 anos de casa.
Em entrevista ao RD, o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria da Construção e Mobiliário Solidariedade, Edison Luiz Bernardes diz que irá aguardar nova decisão da empresa até esta terça-feira (10/01), e que caso não favoreçam os funcionários e/ou repensem as demissões, organizará reunião geral para que providências sejam tomadas. “Fomos pegos de surpresa com essa situação. Tínhamos 1,3 mil funcionários e com um corte o número caiu para 800, um número assustador”.
Para Bernardes, os desligamentos aconteceram em decorrência da baixa produtividade, principalmente, para a Via Varejo – companhia responsável pelas Móveis Bartira e por marcas como Casas Bahia e Ponto Frio – em um dos períodos que mais se esperava o consumo por parte da população. “Vínhamos de um período ruim por conta da recessão econômica, mas esperavam que no fim de 2021 as coisas fossem melhorar, o que não ocorreu”, frisa. “Com pátios vazios e a baixa demanda, foram retomadas as demissões”.
Em nota, a Via Varejo esclarece que realizou as readequações do quadro de colaboradores a fim de eliminar mais um turno de atividades na indústria. “Todos os profissionais desligados estão recebendo apoio e orientações para recolocação”, informa em nota.