
Início de ano é tempo de usufruir de um equipamento eletrônico novo comprado na Black Friday ou no Natal, ou ainda recebido de presente. Isso acarreta na substituição dos aparelhos antigos ainda em funcionamento ou quebrados. A época também coincide com as fortes chuvas e muita gente perde aparelhos eletrônicos que molham em enxurradas e enchentes ou queimam com os raios. Tudo isso só faz aumentar a quantidade de lixo eletrônico. Na região, as prefeituras recolhem o lixo eletrônico juntamente com o restante dos recicláveis, mas como esse material precisa de uma destinação específica, a Sucata Digital quer mudar essa situação para dar um destino mais correto a esses materiais.
Foi pensando nessa necessidade de reciclar corretamente e neste mercado importante que a Sucata Digital, empresa que tem know-how de 17 anos nesta área, resolveu a montar uma filial no ABC em 2020 – a matriz fica na Capital. Através do preenchimento de um formulário no site da empresa (www.sucatadigital.com.br) ou mesmo chamando por aplicativo de mensagens, o morador pode solicitar a retirada de eletrônicos quebrados ou que ele já não usa mais. A retirada é gratuita e independe da quantidade a ser retirada.
A filial do ABC fica em Santo André e foi montada no início de 2020 contando com um investimento de R$ 20 mil. Segundo a responsável pela unidade, Amanda Cruz Hipólito, a procura ainda é pequena, o que se pretende mudar com uma campanha em redes sociais e outros meios, o que a Sucata Digital já está fazendo. “A região não tem uma cultura de descarte correto deste tipo de material e a gente quer mudar isso. Outras regiões em que atuamos como na Capital e em Guarulhos a demanda é bem grande, aqui ainda é pequena”, explica.

De acordo com Amanda, os equipamentos que ainda estão em funcionamento são revisados e depois adquiridos por empresas que fazem uso deles até o final da sua vida útil. Outros são desmontados, suas peças separadas de acordo com o tipo e tudo volta para a indústria para a produção de novos equipamentos. Um dos desafios são as placas de circuito e os componentes presos à ela. A Sucata Digital faz o desmonte para que nada seja perdido o descartado na natureza.
Prefeituras
Cada prefeitura da região lida com esse tipo de resíduo de um jeito, na maior parte do ABC esses aparelhos vão parar nas cooperativas de catadores misturados a outros recicláveis e acabam não sendo aproveitados todos os seus componentes.
O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) realiza a coleta de resíduos eletroeletrônicos em todas as 20 Estações de Coleta, além dos 112 PEVs (postos de entrega voluntária) espalhados pela cidade. Segundo o órgão, todos os equipamentos recebidos nos ecopontos são destinados às duas cooperativas de reciclagem parceiras – CoopCicla e Cidade Limpa – responsáveis pela desmontagem, triagem e venda das diversas frações dos equipamentos. A venda é revertida em renda para os 120 cooperados que trabalham nestes locais. De acordo com dados do Semasa, são coletadas, em média, 176 toneladas por mês de resíduos eletroeletrônicos. “Ainda, para incentivar o descarte correto deste tipo de equipamento, o Semasa em parceria com a Green Eletron e a Reciclus, têm realizado o Drive-thru do Resíduo Eletroeletrônico para recolhimento destes produtos. A ação já teve três edições – uma em 2020 e duas em 2021, recolhendo mais de 11 toneladas de equipamentos velhos ou sem uso, além de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes (que foram encaminhadas para a Reciclus, entidade que cuida da logística reversa deste tipo de resíduo no País)”, disse o Semasa, em nota.
A prefeitura de Ribeirão Pires informou que tem parceria com a CooperPires, que faz a coleta de lixo eletrônico na cidade dá o “destinamento” adequado para o material inservível. A Cooperpires tem 21 funcionários que garantem suas rendas através da coleta seletiva.
A Prefeitura de São Bernardo disse que não possui programa de manejo de resíduos eletrônicos. “Conforme o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes desses tipos de materiais são os responsáveis por instituir sistemas de logística reversa, mediante o retorno desses itens após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana”, explicou em nota enviada ao RD.
Em Diadema o lixo eletrônico é recolhido junto com os recicláveis através do programa de coleta criado no ano passado. “A coleta é realizada junto com o caminhão de coleta seletiva que passa porta a porta nos setores de coleta. Nossa arrecadação de e-lixo não é mensurada à parte, mas pesada junto com os demais materiais. Esse material é processado (desmontado) nas cooperativas de catadores de recicláveis que estão no Programa Recicla Diadema, porém vendem as peças e ainda não conseguem extrair cada elemento da composição das placas. Para isso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente vai promover um curso para que as cooperativas sejam capacitadas. Assim, em breve, os recicladores vão saber extrair cada um dos componentes presentes do e-lixo. A renda do e-lixo, juntamente com a renda obtida com os demais materiais são inteiramente pertencentes às cooperativas, que contam com o apoio da prefeitura para triar e vender os materiais”, detalhou a prefeitura à reportagem. As cooperativas contam com 60 cooperados na cidade.
As cidades de Mauá, São Caetano e Rio Grande da Serra não se posicionaram.