
A notícia de que o colégio Metodista, que tem unidade em São Bernardo, vai fechar pegou alunos, pais, funcionários e professores de surpresa. A Metodista Educação, que também mantém a Universidade Metodista, vem com problemas de caixa há vários anos. Estava em processo de recuperação judicial e tentava se reestruturar, mas em novembro uma liminar contrária ao processo de recuperação culminou com a decisão de fechar as escolas, segundo sustentou o grupo.
Os pais se organizam em grupo nas redes sociais onde trocam informações. Há pais que resolveram fazer boletim de ocorrência na polícia para embasar o pedido de ressarcimento dos valores pagos pelas matrículas deste ano.
O SinproABC (Sindicato dos Professores do ABC) também se mobiliza para saber quantos são os profissionais que serão demitidos. Nesta semana, os jurídicos dos sindicatos cujas categorias atuam nos colégios da Metodista farão um encontro virtual para decidir os encaminhamentos. “Fizemos duas reuniões com os professores e a gente não tem, porque os professores também não têm o número exato de pessoas envolvidas. Nós tínhamos uma planilha com 50 professores do colégio, muitos foram demitidos no decorrer da pandemia e a Metodista se nega a nos passar os dados então não temos o número exato de professores. O que nós sabemos é que 20 deles estão desligados, outros não foram sequer avisados do que acontece. Então tem professor que já foi desligado, tem outros que receberam telegrama de que seriam desligados, e tem professor que não recebeu contato algum. Veja o tamanho do problema”, comenta a presidente do SinproABC, Edilene Arjoni.
A unidade de São Bernardo celebrou no ano passado 36 anos de atividades. Além do colégio, que atendia a educação infantil, Ensino Fundamental e Médio, a Metodista Educação possui ainda outras 10 escolas, sendo cinco no Estado de São Paulo, quatro no Rio Grande do Sul e uma em Minas Gerais. Em 2019 os professores do Colégio Metodista de São Bernardo realizaram uma greve que chegou a 80% de adesão e que reivindicava o pagamento de salários atrasados.
O colégio foi questionado, mas não informou quantos alunos deixará de atender neste ano, nem quantos professores e funcionários serão demitidos e também não informou como vai devolver o dinheiro das matrículas. “O Colégio Metodista de São Bernardo suspendeu suas atividades. Todo apoio escolar e administrativo está sendo prestado às famílias e aos alunos, para que possam prosseguir regularmente com seu ano letivo em outras instituições”, sustenta a Metodista Educação em nota.
Ainda de acordo com a nota, decisão judicial prejudicou o processo de reestruturação financeira do grupo educacional; a Metodista recorreu. “A escola pertence à Educação Metodista, que, em abril de 2021, entrou com pedido de Recuperação Judicial no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). Com a decisão favorável da Justiça, o Grupo garantiu proteção judicial para a manutenção de todas as suas operações, dando início a um processo de reorganização interna e de elaboração de um plano de recuperação que já estava em fase avançada. No entanto, em novembro de 2021, a Educação Metodista foi surpreendida por uma decisão liminar do STJ contrária à Recuperação Judicial, que paralisou o processo de reorganização da instituição. O grupo já recorreu e aguarda o julgamento do recurso. A Educação Metodista acredita que a Recuperação Judicial é o caminho para reestruturar suas instituições de ensino e dar continuidade a suas atividades educacionais”.