
O Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do ABC) teme que os professores e demais funcionários do Colégio Metodista, que anunciou encerramento das atividades nesta semana, tenham dificuldades para receberem suas rescisões trabalhistas. O colégio, que integra o grupo Educação Metodista (que também mantém a Universidade Metodista), tenta um processo de recuperação judicial na Justiça do Rio Grande do Sul, mas uma liminar barrou esse processo de reestruturação financeira e isso culminou com a decisão de fechar o colégio.
A presidente do Sinpro, Edilene Arjoni diz que as dificuldades já eram frequentes com o grupo e o sindicado chegou fazer uma greve no colégio em 2019 pelo pagamento de salários em atraso. Na época eram cerca de 50 professores no colégio. Ao ser perguntada se acredita ser necessário a abertura de processos individuais ou coletivos para o pagamento das rescisões, Edilene foi direta: “A prática da instituição nos últimos anos tem sido de não pagar, infelizmente”.
O sindicato ainda não tem o número exato de professores que serão desligados já que a Educação Metodista não abriu diálogo com a entidade sindical. “A Metodista fala com os jornais, mas não fala conosco”, lamenta Edilene. A sindicalista participou, na terça-feira (25/01) de uma reunião entre todos os sindicatos cujas categorias tem trabalhadores nos colégios Metodista. Algumas deliberações deste encontro ainda estão sendo analisadas e Edilene preferiu não adiantar quais são elas. Uma nova reunião deve acontecer na segunda semana de fevereiro, desta vez com a participação de professores.
Perda
Além dos trabalhadores outra parte bastante afetada com o anúncio de fechamento do Colégio Metodista são os pais de alunos que tiveram que repentinamente buscar outras escolas para matricular os filhos a pouco mais de uma semana do início das aulas. Isabel Costa tem dois netos que estudavam no Colégio Metodista, uma menina de 9 anos e um menino de 5. Os dois filhos dela, de 34 e 39 anos também estudaram nas primeiras turmas do colégio, que foi fundado há 37 anos, e funcionava na rua Alfeu Tavares, no Rudge Ramos. “É uma perda que a gente não se conforma, o ensino da Metodista é centenário e tinha um sistema muito bom, com professores muito envolvidos com a escola”, lamenta.
A avó não sabe ainda como a família vai receber de volta os valores pagos de matrícula, mas as crianças já estão matriculadas em outra escola. “Acho que vai ter que ser aberta uma ação coletiva, os pais já estão se organizando em um grupo e tratando com advogado, mas a questão não é só financeira, o fechamento desse colégio é uma perda social enorme, acredito que o Poder Público poderia intervir de alguma forma para ajudar”, comenta Isabel.
Tanto os pais de alunos como o Sinpro falaram de uma negociação que estaria ocorrendo com o grupo Rede Decisão que tem escolas em São Paulo e em Minas Gerais. A informação, no entanto, não foi confirmada. Em nota a Educação Metodista disse que “não comenta suas negociações”. A Rede Decisão não respondeu aos questionamentos feitos pelo RD. Sobre a devolução do dinheiro das matrículas a Metodista respondeu somente que “está auxiliando os familiares em todos os trâmites escolares”, sem dar mais detalhes.
Além da unidade de São Bernardo, que atendia a educação infantil, Ensino Fundamental e Médio, a Metodista Educação tinha ainda outras 10 escolas, sendo cinco no Estado de São Paulo, quatro no Rio Grande do Sul e uma em Minas Gerais.