
Embora o ABC tenha fechado o ano de 2021 com saldo positivo de empregos, com geração de 37.017 vagas, o mês de dezembro, que é conhecido pelas contratações temporárias que costumam resultar em futuras efetivações, teve um desempenho ruim. Todas as cidades da região fecharam o mês de dezembro com saldo negativo, ou seja, demitiram mais do que admitiram. O desempenho segue o Estado que, apesar das 814.035 vagas geradas no ano, fechou dezembro com saldo negativo de 103.954 empregos.
A região terminou o último mês do ano com saldo negativo de 3.921 empregos, sendo que o maior saldo negativo ficou para São Bernardo, 1.811, seguido por Santo André 1.014 vagas. Os saldos menos negativos foram os de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, -57 e -59, respectivamente.
Para o gestor do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, a alta dos juros e a política do governo de estabelecer tetos de gastos, o congelamento dos benefícios e não valorização do salário mínimo fez reduzir a atividade econômica e consequentemente os empregos. “Essas medidas sinalizam para a queda da atividade econômica e as empresas, enxergando que não terão demanda, estancam investimentos. O que ocorreu em dezembro foi a contratação de temporários que não é suficiente para o saldo de empregos”, analisa o professor.
Os empregos gerados temporariamente para o fim de ano, na opinião do professor da USCS não refletiram na efetivação desse pessoal e o comportamento do mercado sugere aumento das atividades informais. “O trabalhador de nível médio que fica sem emprego ou vai para o mercado informal ou vai trabalhar como PJ (Pessoa Jurídica) o que gera mais precarização do trabalho. O ideal é investir no emprego na indústria que paga melhores salários”, aponta.
Para Gouveia, o ABC sofre mais do que outras áreas do Estado justamente pelo perfil da sua indústria. “O ABC é o quarto PIB (Produto Interno Bruto) do país e tem maior concentração urbana. No interior as cidades se beneficiam muito do câmbio para a exportação, veja, saímos de R$ 3,50 em 2019 para cerca de R$ 5,50 agora, isso deu fôlego para o exportador, principalmente do agronegócio, enquanto isso nossa indústria continua capengando”, avalia. Segundo o professor a solução para a região é investir em tecnologia através de parcerias com as universidades. “Temos o Hub de Inovação da USCS, por exemplo que é voltado a pequenas e médias empresas e empresários para que se estruturem melhor e tenham mais tecnologia. O ABC tem que integrar as empresas com as universidades para recuperar o seu protagonismo industrial”, conclui.