
Cada vez mais a vida das pessoas está integrada à dos animais de estimação, considerados membros da família. Isso tem feito a morte do pet ser até traumática. Mas o que fazer com o corpo do animalzinho? Hoje há opões como cemitérios de animais e até cremação, mas o serviço é particular e não é economicamente acessível a todos. É possível também recorrer a clínicas e ao serviço público, porém há exigências e, muitas vezes, o serviço tem custo.
Para a médica veterinária Tania Parra Fernandes, coordenadora do Hovet (Hospital Veterinário da Universidade Metodista), em São Bernardo, antigamente não se dava muita atenção a isso, e como havia oferta de áreas vazias o corpo dos animais era enterrado em qualquer lugar. “Hoje temos mais preocupação com o meio ambiente e a destinação adequada de resíduos. Além disso, as pessoas olham os pets como membro da família e também não têm mais áreas livres como antes”, analisa.
A importância da participação do profissional médico veterinário neste momento da perda do pet é importante, seja em clínicas, instituições particulares ou serviço público. São três opções de destinação e podem ser acessadas quando o animal falece em casa ou em uma clínica. A primeira é o sepultamento e para isso há cemitérios para animais, todos particulares. “Trata-se de um espaço controlado quanto às contaminações ambientais e que conta com o momento da despedida, como velório. O jazigo tem lápide e em geral esses locais se assemelham aos cemitérios jardim”, explica. Esses serviços têm custos e o cemitério cobra taxa anual de manutenção. “O bom é que depois pode-se visitar o local do sepultamento”, acrescenta.
A outra opção é a cremação, que também conta com infraestrutura para destinação correta. Segundo a médica, esse é o meio que traz menos poluição ambiental, apesar da emissão de gases, que são controlados. Neste caso a cremação pode ser individual, com momento de despedida ou coletiva. No individual, o tutor recebe depois uma urna com as cinzas, que pode ser levada para casa ou ficar no crematório, possível de visitas. “É um processo sério, todo documentado e controlado, o problema ainda é o custo, que na minha opinião ainda é elevado”, diz.
É possível, ainda, o tutor recorrer a clínicas particulares ou aos serviços públicos, no caso os CCZs (Centro de Controle de Zoonoses) das prefeituras, que dão a destinação correta aos corpos dos animais. Neste caso, são identificados como resíduos hospitalares e vão para incineração. A vantagem é que não há custo, mas há necessidade de documentar o processo. “Para não descartar em qualquer lugar as clínicas podem receber o animal ou ele pode ser levado para o CCZ, neste caso vai para uma cremação coletiva. Se a morte ocorre na clínica o tutor é orientado se vai tomar as providências para uma cremação ou para um cemitério ou se vai deixar que a clínica dê a destinação, tudo isso é documentado”, detalha a médica. Os hospitais veterinários também podem receber o corpo do animal, para uso em estudos. Os tutores, neste caso, devem assinar autorização do procedimento.
Levar a uma clínica ou CCZ
Mas e quando o pet morre em casa, o que fazer? Essa é uma pergunta também bastante comum segundo a coordenadora do Hovet. Em geral as pessoas enterram, ou procuram algum lugar que faça o procedimento. “O que vemos muitas vezes são pessoas com o animal enrolado em um cobertorzinho, mas esse não é o procedimento adequado, pois podem ocorrer contaminações e vazamentos de líquidos. O acondicionamento correto é colocar em um material impermeável, o correto é um saco plástico e levar a uma clínica ou ao CCZ”, orienta ao comentar que os tutores não sabem destas opções e, em geral, também são pegos em um momento bastante difícil que é a perda.
Cidades
Cada cidade adota um procedimento para receber os corpos dos pets, mas de uma forma geral a destinação é a mesma. Técnicos recepcionam o animal que tem a destinação como resíduo hospitalar e vai para cremação coletiva.
Em São Caetano, o tutor deve acionar o Saesa (Sistema de Água e Esgoto e Saneamento Ambiental de São Caetano) pelo telefone 4239-1700 ou 4239-1784 para fazer a coleta do animal morto na residência. Outra opção é levar o corpo do animal até o CCZ. Caso a morte aconteça em alguma clínica ou hospital veterinário, o Saesa também realiza a coleta no estabelecimento. A cidade ainda não conta com hospital veterinário, mas a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) prepara a inauguração de um hospital para pets.
Em Ribeirão Pires, o CCZ não possui serviço para a retirada, então o tutor é quem deve levar o animal ao até o Centro de Controle de Zoonoses, que funciona na rua Catarina Rios Giachelo, 185 – Centro. Mas somente de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. No fim de semana o munícipe fica descoberto.
Rio Grande da Serra recebe os animais no CCZ e encaminha para a empresa Peralta, que faz a cremação em Mauá. Para o munícipe o procedimento é gratuito. Os veterinários locais também podem levar os corpos dos pets gratuitamente, mas com laudo. “O município não possui hospital veterinário, mas foi recentemente contemplado pelo governo do Estado com a instalação de consultório veterinário em contêiner por meio do programa Meu Pet. Neste local, serão oferecido os seguintes serviços para cães e gatos: consultas clínicas, cirurgias, exames, setor de urgência e emergência, além dos serviços de vacinação, castração e adoção responsável”, informa a Prefeitura.
O CCZ de Diadema não recolhe corpo de animais. O serviço é prestado pelo DLU (Departamento de Limpeza Urbana). Assim, os munícipes que tiverem um animal morto devem levar até o departamento para destinação correta. O serviço fica na avenida Pirâmide, 944 – Jardim Inamar. Informações pelo telefone 4049-9900.
O CCZ de São Bernardo orienta a destinação correta ao tutor, com exceção aos casos de relevância à saúde pública. “Essa conduta é prevista na lei municipal nº 6.399/2015. Em caso de clínicas veterinárias ou hospitais voltados aos pets e outros animais, a destinação dos corpos dos animais é particular, enquadra-se às regras comuns aos tutores. A Prefeitura reforça que, em casos de animais mortos em vias públicas, o serviço de coleta da limpeza urbana faz a remoção”, relata. Telefones para contato: 4365-3349, 4367-3306 e 4365-4694 ou e-mail: ccz@saobernardo.sp.gov.br.
Em Santo André o serviço é oferecido pelo Semasa (Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André) e não é gratuito, o custo pode variar de R$ 19 a R$ 121, de acordo com o porte do animal. “O usuário pode solicitar ao Semasa o serviço de coleta, transporte e disposição final de cadáveres de animais. O serviço é realizado em residências e vias públicas. É cobrada tarifa que varia de acordo com o peso ou porte do animal. Os valores estão disponíveis em http://www.semasa.sp.gov.br/residuos/residuos-infectantes/animais-mortos/. A autarquia oferece o serviço também para clínicas veterinárias, mas apenas mediante contrato de adesão”, explica a nota. O serviço de recolha de animais mortos deve ser solicitado pelo telefone 0800-4848115 (mas somente de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h) ou pelo site do Semasa (no link direto http://www.semasa.sp.gov.br/servicos-ao-usuario/ ). O atendimento é feito em até 1 dia útil, exceto aos domingos e nos feriados de Natal e Ano Novo. Os animais mortos recolhidos passam pelo mesmo processo de tratamento e destinação que os resíduos de saúde ou infectantes.
A Prefeitura de Mauá não respondeu ao RD.
Cemitério
No ABC, o cemitério Pet Memorial, que fica em São Bernardo, funciona 24 horas. No local são oferecidos vários serviços, como remoção domiciliar ou em clínicas veterinárias, atestado de cremação, urna personalizada e velório, que conta inclusive com modalidade on-line. Informações pelo telefone 0800 772 8885. O endereço é avenida Sadae Takagi, 860 – bairro Cooperativa, próximo ao quilômetro 20 da rodovia dos Imigrantes.