Com a pandemia da covid-19, a realização de cirurgias eletivas no ABC foi diretamente impactada e, atualmente, pacientes enfrentam filas de espera para a realização de alguns procedimentos, como cirurgia de catarata. Mesmo com a retomada das atividades, o aumento de casos da variante ômicron, desde o início do ano, fez Diadema utilizar o Centro Cirúrgico do Quarteirão da Saúde como local para abrigar leitos de enfermaria voltados a pacientes com suspeita ou confirmação da doença.
A suspensão do procedimento gerou fila de espera aos pacientes que precisam realizar cirurgia de catarata e o tempo de aguardo pode chegar, em média, a dois anos. A Prefeitura não informa quantos pacientes aguardam pela cirurgia atualmente.
Em Santo André, a moradora da vila Helena, Floria Tosca Napoli Peres, de 72 anos, espera atendimento especializado há cerca de dois anos. Durante a pandemia, marcou consulta em uma das unidades básicas de saúde (UBSs) e esperou três meses pela consulta. No dia do atendimento, descobriu que as consultas oftalmológicas estavam suspensas, conforme informação do médico, portanto não receberia o encaminhamento. “Um absurdo”, diz.
Floria esperou mais um ano e conseguiu encaminhamento para o Ambulatório de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), para início de janeiro deste ano, mas ao chegar no local não conseguiu ser atendida, pois não havia médico no local. “Está difícil. Se não for muito caro, vou tentar fazer a cirurgia no Hospital dos Olhos, que é particular. Já passei em consulta, fui encaminhada ao cardiologista e vou fazer os exames solicitados”, conta. Caso o valor da cirurgia não seja acessível, a moradora terá que reiniciar os atendimentos via SUS. “Se já demora no particular, imagina na rede pública. Vai levar mais um ano”, reclama.
Questionada sobre os atendimentos oftalmológicos e se há fila de espera na cidade, Santo André não enviou informações até o fechamento desta matéria.
Em São Bernardo, a Prefeitura informa que antes da pandemia o município não tinha fila de espera para realização do procedimento, mas não informa qual é o tempo de espera no momento. Atualmente, a cidade conta com 122 pacientes em tratamento para a realização da cirurgia de catarata, pelo Ambulatório de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
Por meio de contrato com a Prefeitura de São Bernardo, a FMABC custeia a realização do procedimento, desde o centro cirúrgico até insumos e profissionais especializados, bem como o atendimento em subespecializadades oftalmológicas, procedimentos diagnósticos e cirúrgicos. A cidade também oferece serviços oftalmológicos nas Policlínicas do Centro e Alvarenga (oftalmologia geral) e no Centro Especializado em Reabilitação IV (baixa cegueira e cegueira).

Sem fila de espera
São Caetano informa que o período de restrições da pandemia gerou fila de espera, sanada com a realização de um mutirão no final do ano passado. No momento, a cidade não possui lista de pacientes aguardando a cirurgia. Em média, são realizados 100 procedimentos de catarata todos os meses na rede municipal de saúde.
O atendimento é feito no Hospital Oftalmológico (Unidade de Saúde Oftalmológica Dr. Jaime Tavares), no bairro Osvaldo Cruz. Com a confirmação do diagnóstico, o paciente é encaminhado para especialistas e as cirurgias são feitas em Centro Cirúrgico próprio do local.
Em Ribeirão Pires, os pacientes são encaminhados, após avaliação do clínico geral em uma das UBSs, aos ambulatórios de especialidades médicas de Mauá (que também atende pacientes de Rio Grande da Serra), Santo André e São Paulo, conforme regulação da Central de Vagas. O tempo de espera para a primeira consulta é de, em média, 15 dias.
A doença
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira em todo o mundo. Cerca de 28% dos brasileiros com mais de 60 anos sofrem com a doença, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A principal característica da catarata é a perda de transparência do cristalino, a lente natural dos olhos, que tem a função de dar o foco da visão. Aos poucos, a doença embaça a vista até que o paciente passa a enxergar apenas vultos e luzes. A cura é dada somente por meio de cirugia, que substitui o cristalino por uma lente, feita sob medida e adequada às necessidades de cada caso. A demora no atendimento dificulta o tratamento, o que pode levar à cegueira.