
O subtipo H3N2 do vírus Influenza provocou surtos atípicos de gripe em diversas regiões do Brasil no primeiro mês do ano, a exemplo do ABC, que somou 330 diagnósticos entre as cidades. Com cuidados redobrados e maior adesão na campanha de vacinação contra a Influenza, em fevereiro a região apresentou baixa nos casos, e passou para o total de 50 diagnósticos, variação de 84,8%.
A cidade que mais apresentou queda foi Santo André, que em janeiro registrou 270 diagnósticos e em fevereiro foram 44 casos positivos para Influenza. Dois ambulatórios de campanha para atendimento exclusivo a casos de síndrome gripal (UFABC e Associação dos Servidores do Semasa), além de UPAs foram montados para atender a população. Em média, 300 pessoas passam diariamente em cada local para receber atendimento.
Mesmo com a baixa nos números, 64 pacientes estão internados na unidade pública de saúde com alguma síndrome respiratória, enquanto outros 44 estão internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por problemas respiratórios.
Em São Caetano, eram nove pacientes com síndromes respiratórias em janeiro, mas em fevereiro o número de diagnósticos positivos caiu para seis. Casos suspeitos de covid-19 ou gripe recebem atendimento na UBS (Unidade Básica de Saúde) Caterina Dall´Anese, que tem capacidade para realizar 250 atendimentos por dia, podendo ampliar, se necessário. Já Diadema registrou 17 casos por Influenza no primeiro mês deste ano. Em fevereiro, até o momento, não houve confirmação.
Tanto Mauá como Ribeirão Pires contabilizaram, em janeiro, 16 casos de H3N2 e em fevereiro nenhum caso foi confirmado. São Bernardo teve dois casos de H3N2 em janeiro, mas nenhum em fevereiro. Já Rio Grande da Serra não teve pacientes diagnosticados com H3N2 na cidade, apenas atendimentos por síndromes gripais. O atendimento é feito na UPA e os casos mais graves são transferidos para os hospitais de referência na região.
Proteção
Ao RD, o pneumologista e professor titular da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss, faz um alerta para que a população não deixe de se proteger, apesar da baixa dos casos. “Não é só porque o número de diagnósticos diminuiu que a população deve deixar de se cuidar e respeitar os cuidados básicos, como distanciamento social, uso de máscaras de proteção e álcool em gel, aqueles protocolos já conhecidos para também se proteger da covid-19”, explica.
O pneumologista alerta também para a importância da vacinação contra a gripe (Influenza). Com a flexibilização e retorno das crianças para as escolas, a cobertura vacinal, principalmente de idosos e crianças, precisa estar em dia. “Por isso, quem ainda não recebeu a proteção, deve procurar a unidade de saúde mais próxima para se vacinar”, salienta o médico ao frisar que para isso, basta levar documento com foto e carteira de vacinação.
Assim como o vírus da covid-19, o H3N2 e H1N1 tem alta transmissibilidade e enorme potencial de pandemia. De acordo com Fiss, o que atualmente acontece é que, na rede pública, muitas vezes os casos de gripe não são testados. “Só são testados, geralmente, os casos graves, o que pode explicar a alta taxa de internação e até mortalidade entre os casos notificados no ano passado e queda dos registros neste ano”, explica o médico ao afirmar que o Brasil ainda carece com subnotificação de casos de gripe.