
Março é marcado por lutas de extrema relevância, a exemplo do espaço das mulheres na sociedade e a conscientização sobre a epilepsia, com o Purple Day (Dia Roxo), com objetivo de informar sobre as formas de tratamento, prevenção e combate ao preconceito que as vítimas da síndrome sofrem.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a doença atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo e outras 2 milhões de pessoas no Brasil. Apesar da amplitude, a epilepsia ainda é uma doença que a maior parte da população tem pouco conhecimento, o que faz com que as vítimas passem por grandes desafios devido à falta de informação.
Para aqueles que não sabem, a epilepsia é o nome utilizado para uma série de condições cerebrais em que existe predisposição à ocorrência de eventos de atividade cerebral anormal. Nesse episódios, o indivíduo pode perder a consciência ou apresentar algum sintoma neurológico na região do cérebro afetada.
Um dos sintomas associados à epilepsia é a convulsão, mas como considerá-la? O professor de Neurologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Rudá Alessi, explica. “A convulsão nada mais é do que uma crise generalizada que ocorre na atividade motora, em geral gera tremores e momentos de extensão dos membros”, explica ao citar que a epilepsia acomete de 1 a 2% da população, sendo a patologia neurológica grave mais comum no mundo, podendo afetar qualquer indivíduo, em qualquer faixa etária.
As causas para a epilepsia são diversas, e em um número considerável de pacientes, o professor considera não ser possível determinar com segurança uma única motivação. “Em alguns casos a condição é herdada geneticamente, mas em outras, é determinada por lesões cerebrais, como um AVC, após um trauma, ou um tumor”, explica. A maioria dos pacientes são tratados com medicações, e até 70% destes, podem se tornar livre das crises com uso correto dos remédios. “De 30% das pessoas que não respondem adequadamente às medicações antiepilépticas, alguns casos podem ser tratados por meio de cirurgia” informa o neurologista.
Alessi ressalta, ainda, que por conta do caráter inconstante da doença, da origem cerebral, e do preconceito que os pacientes são submetidos, não é incomum que as vítimas com epilepsia sofram isolamento social, mesmo dentro da própria família. “Tal isolamento faz com que a pessoa conviva com limitações ainda maiores do que as causadas pela doença em si, impactando de maneira importante na qualidade de vida do paciente”, expõe.
Mitos e verdades sobre a epilepsia
Quando uma pessoa estiver tendo uma crise convulsiva, é necessário segurar os braços e a língua dela?
MITO- Nessa situação o ideal é você proteger a cabeça do paciente e colocá-lo deitado de lado, pois isso irá facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômitos. Não tente impedir os movimentos, não introduza qualquer objeto na boca da pessoa e não ofereça nenhum alimento ou bebida para ela, pois isto pode causar acidentes tanto para a pessoa que está tendo a crise, quanto para a pessoa que está tentando ajudar.
O estresse emocional pode levar a pessoa a ter uma crise de epilepsia?
VERDADE – O estresse é um dos principais fatores que desencadeiam uma crise epiléptica. Outros fatores muito comuns são a privação de sono, ficar muito tempo sem comer ou dietas radicais que podem levar a alterações metabólicas como hipoglicemia (baixa de glicose no organismo) e/ou hiponatremia (baixa de sódio no organismo).
Toda convulsão é epilepsia?
MITO- Qualquer pessoa pode ter uma crise convulsiva, pelo menos uma vez na vida e não ser epiléptica. Geralmente, estas pessoas apresentam crise durante um quadro infeccioso, ou uma alteração metabólica, ou até mesmo durante um trauma na cabeça. Neste caso chamamos isto de crise convulsiva sintomática.
Epilepsia é uma doença mental?
MITO- A epilepsia é uma doença neurológica com causa geralmente muito bem definida (estrutural, genética, infecciosa e outras), fazendo com que o paciente apresente crise epiléptica quando há alteração na passagem de informação entre os neurônios. As doenças mentais são de natureza psiquiátrica, e geralmente não causam lesões estruturais no cérebro.