
Em alta crescente, o número de pessoas que ainda não voltou aos postos para receber a 2ª dose da vacina contra a covid-19 tem preocupado especialistas. Dados de três das sete cidades do ABC revelam que 63,3 mil munícipes ainda não se imunizaram com a dose de reforço. Em janeiro deste ano eram 57,7% sem as duas aplicações, alta de 10,1% no total. As prefeituras mantêm os imunizantes em estoque na expetativa que esse público faltante retorne aos postos.
A cidade que contabiliza o maior número de abstenções (faltantes) para a 2ª dose é São Bernardo, com 37.989 pessoas que ainda não retornaram aos postos para a aplicação de reforço. Até 18 de janeiro, quando o RD consultou a Secretaria de Saúde, eram 33.916 faltantes, alta de 12%. Na sequência aparece Diadema, com 19.887 faltantes, número 2% maior do que o registrado no início do ano, quando 19.496 ainda não tinha se imunizado.
Em Ribeirão Pires, ao menos 5.762 não voltaram para receber a segunda dose até o momento, sendo que até janeiro, 4.343 não tinham cumprido a segunda etapa do processo (alta de 32,6% no comparativo). Quando questionada sobre o número de abstenções para a segunda dose, Santo André não respondeu, mas informou que a imunização completa é de 73% entre a população acima de 18 anos. Mauá, Rio Grande da Serra e São Caetano não responderam os questionamentos até o fechamento da reportagem.
Flexibilização contribui para alta nas abstenções
Vânia Barbosa, professora de Saúde Coletiva, do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), criticou a decisão do governo do Estado em autorizar a flexibilização do uso de máscaras em ambientes fechados, sendo este um dos fatores que pode ter contribuído para o aumento considerável no número de abstenções para a 2ª dose da vacina contra a covid-19.
Segundo a sanitarista, trata-se de uma decisão precipitada e equivocada neste momento. “Ainda convivemos com o vírus, casos de internações e óbitos ainda não registrados. Agora, com a vacinação, embora os casos estejam mais leves, eles ainda estão aí, existem e atingem também aqueles que possuem comorbidades e têm grande risco de morte”, diz. Vânia avalia que mesmo em um momento de baixa no número de casos, é imprescindível que a população se cuide com uso de máscara de proteção, distanciamento social e álcool em gel. “A pandemia ainda não acabou”, reforça.
O que também chama atenção da médica é a falta de estímulo do uso de máscara, sendo este um dos principais equipamentos de proteção contra a doença. “A falta estímulo do uso de máscara é um problema sério para a política, uma vez que isso influencia diretamente no número de pessoas que se vacinam ou não. Precisávamos que o poder público se envolvesse mais em ações e até buscas ativas para, além de fazer a população se vacinar, continuar com a utilização das máscaras. É preciso se proteger”, salienta.
ABC se aproxima de 348 mil diagnósticos
O ABC encerrou março com 150 mortes por covid-19, uma queda de 60% em comparação a fevereiro, enquanto nos casos, a redução foi de 66%. Apesar disso, a região se aproxima de 348 mil pessoas já positivadas com a doença desde o início da pandemia. De acordo com informações reunidas pelo Estado e com as secretarias de Saúde, são 347.319 pessoas que já testaram positivo para a covid-19. A média móvel atual na região é de 164 casos em relação aos últimos 7 dias, uma queda de 15,41% em relação à média de 14 dias atrás.