
O tradicional Carnaval de São Paulo será realizado nesta sexta-feira (22) e sábado (23), a partir das 22h30, no Sambódromo do Anhembi. Serão 14 escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, divididas em sete desfiles por noite. Membros das escolas de samba do ABC se preparam para a retomada dos festejos, após dois anos sem atividades.
A escola de samba Palmares, de Santo André, desfila em ala especial do ABC. Cerca de 70 pessoas da região representam a Barroca da Zona Sul, na madrugada de sábado para domingo, segundo dia de desfiles, a partir das 2h50. A Barroca é a quinta escola a se apresentar na avenida com o tema ‘Zé Pelintra, uma das mais importantes entidades de cultos afro-brasileiros’ e os componentes do ABC serão responsáveis pela ala que aborda a Intolerância Religiosa.
O presidente da escola de samba Palmares, Adilson Gonzaga Martins Alves, filho do fundador Luiz Gonzaga Alves, atua na entidade desde criança e apesar do retorno do carnaval na Capital, luta pela retomada dos desfiles em Santo André. “Estamos ansiosos para o carnaval deste ano, estamos ensaiando desde agosto do ano passado, mas queremos a retomada dos festejos na nossa região. O último desfile foi realizado em 2016. O carnaval de São Paulo tem glamour, é muito rico e bonito, mas não há nada melhor que o nosso espaço, a nossa casa”, defende Alves.
Outras escolas da região também irão aproveitar o carnaval de São Paulo. É o caso da Escola de Samba Seci, do Parque Novo Oratório. Este ano, os membros puderam escolher os desfiles que desejaram participar. “Esse modelo funcionou, os blocos ficaram livres para participar da escola que mais se identificam, nós não fechamos com nenhuma em especial. Há membros que irão desfilar na Barroca, outros na Mancha Verde e outros na Acadêmicos do Tatuapé”, afirma o presidente da entidade, Ricardo Bastos Pereira, conhecido como Ricca.
Mesmo sem o desfile de Santo André, a Seci realizou o CarnaSeci para para celebrar o carnaval. “Foi um evento cultural para toda família. Fizemos diversas apresentações como da nossa bateria, além de Djs e dos projetos Samba de Família e Quintal da Casa”, conta Ricca. “Foi uma mistura de sentimentos, como saudade das pessoas queridas que perdemos nesse período de pandemia e alegria pelo reencontro com os amigos e comunidade. Pudemos cantar, sorrir, brincar. Foi muito bom”, relembra o presidente.
A subsede da Gaviões da Fiel no ABC, localizada em Santo André, também participa do desfile no Anhembi. Ao todo, 30 membros desfilam pela escola de samba Gaviões da Fiel, que será a segunda a desfilar na avenida, neste sábado (24), a partir das 23h35, com o tema ‘Desigualdade social’. “Estamos muito ansiosos. Temos saudade, foram dois anos muito difíceis, perdemos pessoas queridas e importantes, e ficamos longe das nossas atividades. Queremos colocar a escola na avenida. Está chegando e está tudo pronto, agora é segurar a ansiedade”, comemora o líder da subsede Rodrigo Fabiano da Silva, mais conhecido como Biro, que ressalta que muitos membros, assim como ele, irão assistir aos desfiles no local para prestigiar o carnaval e sentir a emoção do momento.
Desfiles no ABC
Todos os presidentes são unânimes quando se fala sobre o carnaval da região: a celebração faz falta. “O carnaval em Santo André reúne cerca de 20 mil pessoas e é, com certeza, o maior evento da cidade. O desfile é apenas uma parte de um trabalho realizado pelas escolas o ano inteiro, que envolve toda a comunidade e, além disso, movimenta a economia”, afirma Alves, presidente da Palmares, escola de samba fundada em 1.977. “Nós movimentamos artistas que trabalham na confecção de fantasias, por exemplo. E no dia dos desfiles, todo o comércio da cidade e entorno é beneficiado. E o dinheiro arrecado pelo comércio, volta para a cidade”, diz.

Os desfiles na cidade não ocorrem desde 2016, mas as escolas não pararam os trabalhos. “A escola de samba tem o poder de unir as pessoas, as famílias, todas as idades, classes sociais, gênero, cor. Hoje, as escolas de Santo André são resistência”, afirma Ricca, presidente da Seci, escola com 35 anos de existência.
Ricca afirma ainda que além do carnaval, as escolas da região realizam trabalhos sociais com a comunidade. Com a pandemia, a arrecadação de roupas e alimentos foi triplicada. “A pandemia agravou a situação de pobreza já vivida pelas pessoas. Atendemos também aqueles que foram afetados pelas fortes chuvas, inclusive no Rio de Janeiro. Todas as escolas têm contato com muitas famílias necessitadas”, conta.
Trabalhos sociais também são realizados pela subsede da Gaviões da Fiel. “As pessoas associam a torcida organizada e escola de samba ao crime, isso não é a realidade. Nós ajudamos a comunidade, temos projetos sociais, fazemos entregas de marmitas aos moradores de rua, projeto lutando pela paz, a escola de bateria e artes marciais”, afirma Biro.
Confira a programação do desfile das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, no Anhembi:
Sexta-feira (22)
- 22h30: Acadêmicos do Tucuruvi
- 23h35: Colorado do Brás
- 0h40: Mancha Verde
- 1h45: Tom Maior
- 2h50: Unidos de Vila Maria
- 3h55: Acadêmicos do Tatuapé
- 5h: Dragões da Real
Sábado (23)
- 22h30: Vai-Vai
- 23h35: Gaviões da Fiel
- 0h40: Mocidade Alegre
- 1h45: Águia de Ouro
- 2h50: Barroca Zona Sul
- 3h55: Rosas de Ouro
- 5h: Império de Casa Verde