
A coleta seletiva otimiza o processo de destinação lixo e diminui os impactos ambientais causados pelo consumo. No ABC, cinco municípios realizam coleta seletiva, com agendamento ou porta a porta. Mas o serviço ainda está muito aquém da necessidade. A divulgação dos serviços e ações de conscientização junto à população são essenciais para que as políticas públicas sejam eficazes. O comentário é da bióloga Marta Marcondes, professora e pesquisadora da USCS (Universidade de São Caetano).
Para Marta, a prática da coleta seletiva é de responsabilidade compartilhada. Assim como as prefeituras devem ampliar a divulgação do serviço e promover ações de fortalecimento junto às cooperativas e catadores de material reciclável, as pessoas também devem cobrar o acesso às informações como o calendário da coleta no bairro, onde estão os pontos de coleta seletiva, bem como separar os materiais recicláveis em residências e comércio. “Toda sociedade é responsável pelo lixo produzido, moradores, poder público e empresas. E as cidades precisam mobilizar os moradores para que as ações de coleta seletiva sejam efetivas”, afirma.
No ABC, apenas Rio Grande da Serra ainda não possui políticas públicas no setor. Em nota, a Prefeitura informa que segue na organização de projeto intersecretarial para a implantação de ações voltadas ao desenvolvimento do programa de coleta seletiva. “Há catadores de materiais recicláveis de Rio Grande que acabam indo para outras cidades e o mesmo lixo que é produzido em São Caetano, por exemplo, é produzido em Rio Grande. É preciso estimular a separação do lixo e o descarte correto, e fomentar as cooperativas e os catadores, que ajudam na coleta desse material”, explica Marta.
Em Ribeirão Pires, a coleta seletiva é feita mediante agendamento e promove a recolha de segunda a sexta-feira. Munícipes que desejam ser atendidos devem entrar em contato pelo telefone 4828-9123 ou pelo e-mail gestao.ambiental@
Há cinco anos, a moradora do Parque das Fontes, Erika Eid, realiza a separação de materiais recicláveis e utiliza o serviço de coleta seletiva da Estância. “Há cerca de quatro anos vi o caminhão atendendo uma vizinha e solicitei o serviço. Sou muito certinha com relação a isso, deixo tudo no carro, nos bolsos, na bolsa, mas não jogo lixo na rua de jeito nenhum”, conta a moradora. “Na casa dos meus pais, todos separam o lixo. Se cada um fizesse um pouquinho o mundo estaria muito melhor, eu faço minha parte e fico muito feliz em contribuir”, afirma.
Erika lamenta que o serviço público em Ribeirão Pires não seja mais frequente. “A gente insiste, porque quer colaborar, mas há momentos em que o caminhão não passa por semanas. A gente guarda, mas tem pessoas que acabam descartando para o lixeiro comum”, relata. Em nota, a Prefeitura informa que promove ações educativas sobre a separação de materiais recicláveis e coleta nas redes sociais da instituição, além de atividades nas escolas para incentivar as futuras gerações.
Para a pesquisadora da USCS, as cidades devem promover a ampliação do acesso às informações. Deixar informativos em equipamentos públicos, como unidades de saúde, com informações sobre o funcionamento da coleta seletiva e quais materiais são retirados, como vidros, plásticos, lixo eletrônico, lâmpadas, pilhas, entre outros, e utilizar contas de água, são exemplos de meios que podem chegar a mais moradores, segundo Marta. “Todas as cidades da região precisam de divulgações mais efetivas. A população é essencial neste processo. Não adianta ter pontos de descarte ou coleta de material reciclável, se os moradores não estão envolvidos”, afirma.
Coleta domiciliar
Quatro cidades da região informaram que realizam coleta porta a porta: São Caetano, Santo André, São Bernardo e Diadema. Em nota, São Caetano afirma que atende 100% dos imóveis do município. O serviço percorre três bairros por dia e passa uma vez por semana nas ruas da cidade, das 7h às 17h. O recolhimento do lixo eletrônico, como televisão, aparelho de som, ar-condicionado e celulares, é feito mediante agendamento pelos telefones 4239-1700 e 4239-1784. Os serviços são realizados pelo Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de São Caetano).
Quanto às ações de conscientização, o Saesa informa que realiza a distribuição de sacos amarelos especiais em todas as residências e big bags (sacolas grandes reforçadas) nos condomínios com mais de 30 apartamentos, para incentivar a separação dos materiais recicláveis a serem recolhidos. Também promove campanhas por meio de plataformas virtuais e materiais impressos, além de atividades com instituições de ensino públicas e particulares da cidade.
Para Marta, os moradores de condomínios devem sugerir e incentivar a reciclagem entre os demais. “Uma forma fácil de separar materiais recicláveis, sem impactar o dia a dia da pessoa é: tenha um recipiente para o lixo úmido, que são restos de alimentos, papel higiênico, guardanapos, entre outros. E tenha outro recipiente para embalagens, papelão, vidro, plástico, metais, alumínio, e outros. Dessa forma, é só colocar na rua no dia de cada coleta, ou levar os materiais recicláveis aos pontos corretos”, ensina.
São Bernardo realiza coleta seletiva porta a porta em 100% dos bairros, em parceria com duas cooperativas, mas não informa dias e horários de realização da coleta. Afirma ainda que a recolha do lixo eletrônico é de responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes desses tipos de materiais, que devem instituir sistemas de logística reversa, mediante o retorno desses itens após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana, conforme Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Santo André
Em Santo André, a coleta seletiva domiciliar é feita pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental), e os materiais recicláveis são recolhidos em dias diferentes dos resíduos úmidos. Os dias e horários de coleta em cada bairro podem ser consultados no site da instituição. Em nota a Prefeitura informa que a cidade também possui 20 estações para descartes de resíduos recicláveis volumosos, entulho, móveis velhos, restos de pequenas construções, colchões, estofados, pneu, óleo de cozinha, eletroeletrônicos, entre outros.
Também há 112 PEVs (Postos de Entrega Voluntária), que são equipamentos compostos por um saco de ráfia especialmente desenvolvido para receber resíduos secos da coleta seletiva, disponíveis em parques, supermercados, escolas e outros estabelecimentos. Quanto as ações educativas, o Semasa promove os programas Moeda Verde, Meu Condomínio, além do Girs condominial – Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e Educação Ambiental, realizado em habitações de interesse social e o Composta, que incentiva a compostagem. “Essa prática também ajuda muito na redução de rejeitos e pode ser feita em qualquer residência, sejam casas ou apartamentos. Na compostagem são utilizadas cascas de frutas e legumes, casca de ovos e restos de alimentos que não foram cozidos. Na internet há diversos vídeos que ensinam como fazer e utilizar a compostagem”, orienta Marta.
Em Diadema, a coleta seletiva domiciliar atende o Centro e Piraporinha, em parceria com cooperativas de catadores de materiais reciclados. A cidade não informou os dias e horários de coleta. Em nota, a Prefeitura informa que já está em tratativa com mais quatro cooperativas da cidade para ampliar o programa Recicla Diadema a toda cidade. Quanto as ações educativas, a cidade informa que realiza ações de incentivos em domicílios, bem como cursos e outras ações.
Até o fechamento desta matéria, Mauá não retornou aos questionamentos.