
Pilhas, baterias, celulares e eletrodomésticos são itens que, quando deixam de funcionar, viram lixo eletrônico. Um lixo que tem preocupado cada vez mais os ambientalistas, críticos com a falta de política reversa e educação ambiental, essas algumas das principais causas para o ligeiro crescimento da produção de resíduos na região.
Para se ter ideia, o Brasil se tornou o 5º maior gerador desse tipo de resíduo no mundo, e segundo a docente dos programas de Mestrado e Doutorado em Administração da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Raquel da Silva Pereira, um dos principais culpados são os próprios fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes destes tipos de material.
Segundo a docente, muitas pessoas ainda não sabem ao certo como proceder para evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana, deste modo, é imprescindível que os comerciantes sigam o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e assumam a responsabilidade por instituir sistemas de logística reversa para evitar que os resíduos sejam despejados incorretamente na natureza. “Quem precisa assumir a responsabilidade da destinação são os próprios donos, os fabricantes. Eles que precisam se preocupar com o retorno desses itens após uso do consumidor, de forma independente do serviço público”, analisa.
A professora, que também é fundadora e líder do Grupo de Pesquisa CNPq, denominado GDS – Gestão para o Desenvolvimento Sustentável, explica que muita gente faz a separação dos resíduos em casa, no entanto, ao não encontrar local para descarte correto, mistura os lixos. “Têm pessoas que ainda tentam separar os resíduos em casa, mas em razão da falta do serviço na região, misturam todos os resíduos e prejudicam não só o meio ambiente, como toda a população”, analisa.
A docente defende que uma ação eficaz e vinculativa é urgentemente necessária para evitar danos maiores. “O trabalho individual é necessário, mas não basta. É preciso que o poder público, junto com os fabricantes desses materiais e a própria população estabeleçam iniciativas”, salienta ao frisar que são poucas as ações colocadas em prática atualmente para diminuir o descarte incorreto dos resíduos.
176 toneladas ao mês
Santo André produz, ao mês, cerca de 176 toneladas de resíduos eletrônicos. O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) é responsável por realizar a coleta nas 20 estações de coleta da cidade, além dos 112 PEVs (postos de entrega voluntária) espalhados pelo município, mas apesar da disponibilidade do serviço, há munícipes que desconhecem o serviço. “Guardo as pilhas e entrego no meu trabalho, porque sei que fazem uma destinação correta. Não sabia que tinha esse serviço na cidade, porque talvez seja pouco divulgado”, diz o estudante de computação e morador do Parque Novo Oratório, Guilherme Veiga.
Em São Caetano, o Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) realiza a coleta nas residências mediante ao agendamento prévio por telefone ou por meio das nossas redes socais. Além disso, a cidade possui pontos de descarte voluntário nos hipermercados. Somente no ano passado, foram recolhidos 2.016 kg, enquanto no ano retrasado, foram 2.697 kg de resíduos recolhidos na cidade. Já em parceria com a CooperPires, Ribeirão Pires realiza a coleta dos resíduos semanalmente, junto com a coleta porta a porta. Também é possível fazer agendamento por meio do número 4828-9123.
Diadema criou, em 2021, o Programa de Coleta Seletiva Recicla Diadema, que arrecada materiais mais tradicionais e o lixo eletrônico também. A coleta é com o caminhão de coleta seletiva que passa porta a porta nos setores de coleta. O cidadão pode levar o material a qualquer ponto de coleta ou entregar para o caminhão que atende a Vila Santa Dirce e Jardim Padre Anchieta. Não há dados de Ribeirão Pires e Diadema sobre quantos quilos de resíduos eletrônicos são recolhidos ao mês.
Em todas as cidades, a venda dos resíduos é revertida em renda para os cooperados que trabalham nestes locais. Os resíduos eletrônicos coletados são contabilizados dentro do volume total de resíduos recicláveis coletados nas Estações de Coleta.
Molécoola
Na tentativa de reduzir o descarte incorreto destes materiais, a Coop (Cooperativa de Consumo), unidade da avenida Industrial, em Santo André, anunciou parceria com a startup Molécoola – um contêiner para o descarte de plásticos, papel, alumínio e eletrodomésticos de pequeno porte, como secador de cabelo, barbeador, celular, dentre outros. Sua drogaria interna dispõe de recipientes próprios para descarte de medicamentos, bulas e embalagens e, para quem é tutor e precisa realizar compras na loja, é possível acomodar seu pet em uma das estações PetParker, com total segurança e conforto.