
Aconteceria nesta segunda-feira (13/06), no Fórum de Santo André, o júri popular dos acusados de roubar, matar e queimar o casal de empresários Romuyuki Veras Gonçalves, 43, Flaviana Martins Meneses Gonçalves, 40, e o filho do casal, Juan Victor Gonçalves, de 15 anos, em 2020, porém o julgamento foi redesignado e será feito em duas partes. No dia 19 de setembro vão a júri popular Carina Ramos de Abreu e sua ex-companheira, Anaflavia Martins Gonçalves. Mais de dois meses depois será a vez dos primos Juliano de Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos e o amigo deles Guilherme Ramos da Silva, serem julgados no dia 21 de novembro.
Esse foi o terceiro adiamento que sofre o júri do triplo homicídio que aconteceu em um condomínio residencial de Santo André no dia 27 de janeiro de 2020. A primeira tentativa de julgar os cinco acusados foi em 21 de fevereiro deste ano, mas uma testemunha faltou e a defesa definiu que o depoimento desta pessoa era importante e não abriu mão dele. O júri então foi designado para esta segunda-feira (13/06). O segundo adiamento aconteceu na última semana quando a defesa de Carina deu entrada na sexta-feira (10/06) a um pedido de redesignação do julgamento dela pois o advogado Leonardo José Gomes acabara de assumir sua defesa. Ele também representa o réu Guilherme Ramos da Silva. O juiz Lucas Tambor Bueno, aceitou o pedido e determinou o júri dela para o dia 19 de setembro, deixando o júri do demais réus com a data inalterada.
Nesta segunda-feira (13/06), com praticamente toda a estrutura montada de quatro réus, mais um revés, um terceiro adiamento aconteceu após o advogado Fábio Gomes da Costa, que representa Carina, informar estar com covid-19 e impossibilitado, portanto, de comparecer ao júri. O juiz então determinou que Anaflavia fosse julgada na mesma data que Carina, ou seja, dia 19 de setembro, e os três rapazes acusados irão a júri popular no dia 21 de novembro.
Para o advogado Epaminondas Gomes de Farias, o ideal seria que todos fossem julgados juntos. Ele também lamentou que as famílias das vítimas tenham o sofrimento prolongado por conta da demora do júri. Apesar disso, Farias, que é assistente de acusação, disse que a decisão do juiz Lucas Tambor Bueno visa garantir o trabalho da defesa e evitar nulidades no julgamento. “Tecnicamente é um júri muito complicado que conta com mais de 6 mil laudas, tendo cinco réus. Teremos várias testemunhas, esclarecimento de peritos, enfim, é um júri que era para ser viabilizado com todos os cinco réus, que seria o melhor cenário. Tê-los juntos na mesma sala seria importante, mas tecnicamente não identificamos nenhum tipo de prejuízo. O conjunto de provas é muito forte, muito robusto, e será apresentado em ambas as sessões de julgamento. O que mais nos incomoda não é a questão técnica, primeiro porque eles estão presos, nem a tentativa de tirar o olhar da sociedade e o interesse da mídia, que nós sabemos que isso não vai acontecer pois a investigação que foi muito cuidadosa e que certamente todos os cinco ao final serão julgados e condenados pela brutalidade. O grande problema é ver essa família com a tampa desse caixão aberta, com esse luto que ainda não está resolvido” analisa.
Farias considera que o crime teve a participação ativa dos cinco e imagina que as penas serão altas. “Entendemos que os cinco participaram da tanto o triplo homicídio, como o roubo majorado, da ocultação de cadáver e da associação criminosa. Só que temos no nosso conjunto de leis uma forma muito dinâmica de construir a pena. O que nos parece é que são penas que passarão dos 50 anos, até 60 anos”, estima.
Defesa
O advogado Leonardo José Gomes, que defende Anaflavia e também Guilherme, disse que o adiamento foi necessário porque a falta de testemunhas prejudicaria a defesa. “Foram várias testemunhas faltando, inclusive peritos que são cruciais para formar o conteúdo probatório”.
Gomes pediu na sexta-feira (10/06) o adiamento do júri de Anaflavia porque havia acabado de assumir a sua defesa. “Eu pedi a redesignação para fazer os estudos pelo ângulo da defesa dela. Porque o ângulo de defesa do Guilherme eu já conheço bem”. Para ele a divisão do júri deixando Anaflavia e Carina para 19 de setembro e no dia 21 de novembro para Juliano, Jonathan e Guilherme vai ser positivo para a defesa. Primeiro vão estabelecer quem foi o mandante do crime, quando o Guilherme for a júri isso já foi estabelecido no julgamento delas e segundo porque inicialmente as duas jogavam a culpa pelas mortes nos dois primos e os dois sustentam que elas planejaram o roubo e as mortes, o Guilherme passa meio que despercebido nessa troca de acusações”, disse o defensor.
Segundo o advogado, as defesas de Anaflavia e Guilherme seguem uma linha parecida pela circunstância do crime. “Os dois ficaram no andar de baixo da casa, função dele foi apenas a de render Flaviana e a levar para o andar de cima, depois ficou em baixo com Anaflavia e também pegava objetos da casa e colocava no carro”, explica.
Crime
No dia 28 de janeiro de 2020, manhã do dia seguinte ao crime, os corpos de Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40 anos, do seu marido Romoyuki Veras Gonçalves, de 43, e do filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves, de apenas 15 anos, foram encontrados carbonizados no carro da família, um Jeep Compass, incendiado na Estrada do Montanhão em São Bernardo. A polícia concluiu que as vítimas foram mortas por golpes na cabeça e em outro local, na casa da família, em um condomínio de casas que fica em Santo André. Durante as investigações, a polícia apurou que a filha mais velha das vítimas, Anaflavia Martins Meneses Gonçalves, sua companheira na época, Carina Ramos de Abreu, os primos de Carina, Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos e ainda o amigo deles, Guilherme Ramos da Silva, teriam cometido o crime para roubar R$ 85 mil que estariam no cofre da casa, dinheiro que não foi encontrado. Os cinco réus foram denunciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e roubo.