
Postos de abastecimento praticamente vizinhos concorrem no preço até em centavos, mas combustível barato também pode esconder a qualidade do produto. Portanto, o motorista deve ficar atento a qualquer sinal de queda de desempenho do veículo, que pode significar algo diferente no tanque além de gasolina ou etanol. O combustível ruim pode trazer danos significativos e caros na hora de consertar o veículo.
Dentro de uma variação razoável de preços é possível economizar. O site da ANP (Agência Nacional do Petróleo) informa os preços máximos, mínimos e a média por município. O site é atualizado semanalmente e os preços podem ser verificados no https://preco.anp.gov.br/ .
O aplicativo de navegação por GPS, Waze tem uma ferramenta em que o usuário pode encontrar os postos mais próximos em funcionamento e os preços praticados. Se vai para outra cidade, também é possível encontrar os postos e os preços dos produtos no destino. Em uma busca aleatória feita pelo RD no aplicativo, a gasolina comum mais barata do ABC foi encontrada foi no posto de bandeira Ipiranga da avenida Papa João XXIII, 2009, em Mauá. No estabelecimento, o litro do produto custava R$ 6,49, segundo o aplicativo na sexta-feira (25/6) à noite. Na mesma cidade, o posto de marca BR, na avenida Capitão João, 516, vendia o mesmo produto a R$ 6,99 o litro. A diferença de R$ 0,50 por litro, em um tanque de 40 litros, equivale a R$ 20.
O segundo posto com a gasolina comum mais barata no ABC, de acordo com a busca feita no Waze, foi o Shell, que fica na avenida Antonio Piranga, 2.697, no Centro de Diadema, onde o litro custava R$ 6,57. Na mesma cidade, o litro de gasolina também foi encontrado a R$ 7,69, no posto de bandeira BR do quilômetro 15 da Rodovia dos Imigrantes, diferença de R$ 1,12, o que daria uma diferença de R$ 44,80 em um abastecimento de 40 litros. Este último posto foi a gasolina comum mais cara encontrada na pesquisa no aplicativo entre as cidades do ABC.
Em Santo André, a gasolina comum foi encontrada no aplicativo também com uma variação significativa. R$ 6,99 é o preço da gasolina comum no posto BR da rua Catequese, 1263, já no Ipiranga da avenida Atlântica, 1156, o litro estava a R$ 7,59. De acordo com a pesquisa feita pela ANP (veja quadro), em Santo André é onde está o menor preço da gasolina comum, R$ 6,29, no posto que fica na rua do Oratório, 850. Esse posto não ostenta bandeira de distribuidora.
Em São Bernardo, a diferença entre os preços foi menor, em média R$ 0,10 por litro. A gasolina comum custava R$ 6,99 no Ipiranga da avenida Senador Vergueiro, 2930, e no posto de mesma bandeira da avenida Robert Kennedy, 1950. Já no BR da avenida Capitão Casa, 1703, o litro custava R$ 6,89.
Na média, segundo o Waze, a gasolina mais cara do ABC está em São Caetano, onde rodar um pouco mais atrás de oferta pode significar economia. Na mesma avenida, a Presidente Kennedy, foi encontrada diferença de R$ 0,30 na gasolina comum. Nos posto Ipiranga do numeral 1519 o produto custava R$ 7,50, no numeral 2900, o mesmo produto, num posto de mesma bandeira, era vendido a R$ 7,20.
Como encontrar
No aplicativo Waze o usuário pode encontrar facilmente as informações no entorno de onde está. Basta clicar no espaço “Para onde” e em seguida clicar no desenho da bomba. O aplicativo vai mostrar os postos mais próximos e o preço da gasolina comum. Também ao clicar em cada um destes locais é possível ver o preço da aditivada, do etanol e do diesel. Se vai para outra cidade também é possível pesquisar o preço do produto no destino, se digitar “Postos de combustíveis e o nome da cidade”, na procura por endereço.
Combustível ruim vai custar mais caro ao consumidor
Não há como saber no momento do abastecimento se o combustível é ruim. No caso de um posto que vende produto sem qualidade, os testes não funcionam. Os testes que os postos são obrigados a fazer não são claros para o consumidor e quando o posto vende produto ruim algum mecanismo nas bombas acionado por um controle remoto faz com que venha apenas combustível bom de um tanque paralelo. Fiscalizações da ANP já flagraram essa prática em diversos postos.
Além da fraude na qualidade do produto, outro tipo de situação que pode ocorrer é a fraude no volume, em que o consumidor compra 10 litros e leva nove ou até menos. Os postos devem ter um recipiente próprio com indicação de volume para que o cliente possa aferir se o que a máquina mostra é o mesmo que está no recipiente. O IPEM-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo) fiscaliza se as bombas dos postos mostram a quantidade correta de produto vendido.

Para o professor de engenharia mecânica do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), Clayton Barcelos Zabeu, o consumidor pode ter indicativos de que foi ludibriado depois de abastecer o carro. O primeiro sintoma é o rendimento do veículo. “O motorista mais atento sabe o quanto o carro faz por litro, se a média de consumo sobe abruptamente logo depois do abastecimento, por exemplo, se fazia 8 quilômetros por litro e passou a fazer 4,5 km/l é porque há algo errado. Se você precisar acelerar mais o carro num trajeto que antes isso não era necessário, é porque o veículo está rendendo menos, sintoma de combustível ruim”, explica.
Até mesmo o motorista mais atento pode ser enganado. “Eu mesmo, que conheço do assunto, abasteci em um posto desses (que vendem produto adulterado), mas foi quando os caminhoneiros estavam em greve e faltou combustível. Eu não tinha outra opção, era onde tinha e corri o risco. O resultado é que o consumo aumentou e depois o sensor de nível (boia do tanque) quebrou”, recorda Zabeu. Mas os danos no veículo podem ser muito mais graves. “Pode ter solventes, que por serem derivados de petróleo, são missíveis, ou seja se misturam bem a ela, dependendo do teor desses solventes, eles podem danificar vedações, bomba de combustível e mangueiras. Dentro do motor bicos injetores se contaminam, formam-se depósitos nas válvulas e, se o combustível for muito ruim mesmo, pode até fundir o motor, tudo por causa desse ataque químico nos componentes”, explica o engenheiro.
Se o combustível for o etanol, que tem na composição 5% de água, geralmente o ‘batismo’ é feito com água, e o produto sai da especificação técnica. O dano ao carro neste caso, segundo o professor do IMT, pode ser menor, mas isso se os abastecimentos não forem seguidos neste mesmo posto. “O consumidor pode verificar a qualidade no densímetro que fica junto à bomba, mas quase ninguém olha. O ideal é pedir sempre nota fiscal e denunciar se constatar qualquer problema”, diz o professor.