
Pontos de referência nas comunidades mais tradicionais, as bicas de água já não fornecem a mesma água do subsolo que a população diz ser mais pura. A contaminação do solo e a impermeabilização comprometeriam a vazão e a qualidade da água, por isso, a maioria destas bicas têm a mesma água que sai das torneiras de casa, a fornecida pela Sabesp.
Segundo a professora Marta Angela Marcondes, bióloga e coordenadora do Projeto IPH-USCS (Índice de Poluentes Hídricos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul) a maioria destas bicas surgiram de poços artesianos, mas que hoje são mantidas mais por uma referência histórica. “São Caetano tem 14 bicas a maioria era de poço artesiano, mas por conta da contaminação do solo, seja por indústrias, seja por vazamentos dos tanques de postos de combustível, a prefeitura resolveu manter, mas elas estão ligadas na rede da Sabesp, ou seja, é a mesma água que chega nas torneiras de casa”, explica.
Pouquíssimas bicas oferecem água que vem diretamente do subsolo. Segundo Marta há uma nascente em Rio Grande da Serra. “Lá é uma nascente e vem bastante gente buscar água com galões grandes”, conta. Segundo a especialista a prefeitura, através da Vigilância Sanitária é que tem que fiscalizar essas bicas que oferecem água que não é da Sabesp. “A Vigilância Sanitária do Estado tem o Vigiágua, para essas questões, mas as vigilâncias municipais também devem fiscalizar”, explica. A prefeitura de Rio Grande da Serra foi procurada, mas não se manifestou.

Em São Caetano a USCS está fazendo um trabalho de coleta de amostra das bicas da cidade para análise. A professora explica que já foram feitas coletas em junho e as próximas amostras serão coletadas em agosto. Nas visitas aos locais ela diz que tem encontrado informações que demonstram que o sistema já vem sendo monitorado pela Sabesp. Adesivos com data e o responsável pela fiscalização estão em todos os locais. “A gente percebe que a fiscalização é mensal”, diz a professora. A prefeitura de São Caetano não informou quais as fontes de água estão ligadas à rede da Sabesp nem como é feita a fiscalização por parte do município.
Em São Bernardo uma bica muito conhecida fica na avenida Robert Kennedy, no Jardim Independência, lá moradores fazem fila para encherem os galões com a água do lugar. A fonte Independência Antenor Eichenberger Júnior, conta com 48 torneiras, sendo 24 cobertas, dez vagas de estacionamento para carros e uma vaga para caminhão-pipa, segundo informou a prefeitura. A água do local não é da Sabesp, mas é ela quem controla a sua qualidade. “A fonte é abastecida por um poço artesiano e funciona todos os dias das 6h30 às 22h. Atualmente, a operação do poço e reservatório está a cargo da Sabesp, responsável também pelo controle da qualidade da água”, informou a administração.
Ribeirão Pires possui uma mina de água, localizada na rua Tejó, no Jardim Santa Rosa. Segundo a prefeitura a fiscalização é realizada pela Secretaria de Saúde, através do Departamento de Vigilância à Saúde Ambiental.
A prefeitura de Diadema informou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos não dispõe de dados ou levantamentos oficiais desses locais. Na rua José Bonifácio, no bairro Serraria, há uma nascente também muito conhecida. No local é comum pessoas que param por ali e aproveitam a água para lavar carros.
A prefeitura de Mauá não se posicionou. A prefeitura de Santo André informou que não tem controle sobre bicas e que estas são atribuição da Sabesp. A estatal foi contatada pelo RD, e não respondeu até o fechamento desta reportagem.