Durante a terceira reunião do Fórum da Indústria do ABC, realizada na quinta-feira (05/08) na Fundação Santo André, o setor farmacêutico e de cosméticos esteve representado pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) e a prefeitura de Mauá aproveitou o encontro para destacar sua vontade de atrair empresas do segmento. O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Aroaldo Oliveira, disse que não há números precisos, mas a observação do segmento mostra que indústrias importantes já saíram da região e o objetivo é atrair o setor de volta.
Oliveira citou o exemplo de uma grande indústria farmacêutica que saiu de São Bernardo e com ela foram várias outras que faziam parte da sua cadeia de fornecedores. “Não temos um levantamento de quanto perdemos, nem porque perdemos. Precisamos fazer esse recorte, entender porque perdemos e entender também as questões relativas à região e ao Estado. Esse foi o primeiro contato formal com a indústria farmacêutica e pensamos em fazer um grupo de trabalho para pensar as possibilidades da região”, disse o presidente da agência.
Apesar de não ter um levantamento dos números do setor no ABC, Oliveira reforça sua tese de que as empresas do setor farmacêutico e de cosméticos estão saindo da região através do termômetro do mercado de trabalho. “Não é apenas a observação de que as empresas estão saindo, o Sindicato dos Químicos do ABC, acompanha isso e nos dá essa avaliação”.

Para Adriano da Silva Lage, que é membro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mauá e também integra o Fórum da Indústria do ABC, a cidade tem muito a oferecer tanto para a indústria farmacêutica como para a de cosméticos. Uma intervenção, durante a terceira reunião do fórum teve o objetivo de chamar a atenção para a cidade que tem espaços disponíveis e quer atrair esse tipo de indústria. “Já na sua campanha o prefeito Marcelo Oliveira (PT) sugeria criar na cidade um Pólo de Cosméticos, mas não temos muitos dados sobre a saída de empresas, o que temos é que a cidade conta com aproximadamente 12 indústrias deste segmento, porém temos um número muito grande de comércios que se dedicam aos cosméticos, portanto esse ramo tem grande participação na economia da cidade. Também temos indústrias do ramo químico que são fornecedoras do setor cosmético como a Bandeirante e a Brasken”, disse o representante da secretaria.
Segundo Lage a cidade tem grande disponibilidade de terrenos e quer entrar na briga para atrair empresas do setor. “Temos terrenos, temos a logística – porque o Rodoanel passa pela cidade – e temos lei de incentivo”, comentou. Lage disse que achou o posicionamento do Sindusfarma cauteloso. “Não tinham números regionais para passar, falaram dos números de custos, mas nada específico da região”, analisou.
Ao ser indagado pelo secretário adjunto de Desenvolvimento da prefeitura de Mauá, Remigio Todeschini, sobre porque a região está perdendo indústrias farmacêuticas e de cosméticos, o advogado do Sindusfarma, Renato Rezende, não soube explicar e disse desconhecer a saída das empresas do segmento do ABC. “Eu não tinha conhecimento pleno dessa desindustrialização farmacêutica da região. Mas eu penso que talvez outras regiões do país e do Estado perceberam a pujança da indústria farmacêutica e formaram políticas públicas para atrai-las. Uma solução tem que vir da própria região. A Agência de Desenvolvimento pode trazer e nós estamos à disposição para ajudar a criar atrativos para que a indústria volte”, disse.
Segundo Rezende o setor encontra problemas com o abastecimento de insumos e os custos, por isso a dificuldade em produzir. “O gargalo de produção é de insumos; a gente é dependente de insumos internacionais para a produção de medicamentos e isso tem que mudar também. A pandemia trouxe essa lição para o Brasil de que a gente não pode ser 100% dependente. Tem alguns movimentos já para facilitar isso, apesar do gargalo e do pouco insumo disponível, do aumento dos custos de transporte, produção, da demanda, nós conseguimos já com a Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) a liberação de alguns produtos quando ao preço, ainda que temporária, para que as empresas possam recuperar essa defasagem. Mas não tem um prazo para que isso volte ao normal”, disse o representante do setor.
Para Aroaldo Oliveira, a região já tem o exemplo do Polo de Cosméticos de Diadema, e também tem outros fatores que podem ajudar esse setor. “Temos suporte técnico, pesquisa, inovação, temos know-how, universidades e uma fundação de medicina”, completa o presidente da agência.