O programa Pró-ferramentaria é mais uma medida que visa ajudar a cadeia metalúrgica no Estado e espera-se que ele venha a recuperar o setor de ferramentaria do ABC, que tem perdido empresas e postos de trabalho na última década. Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que as cidades da região perderam participação em número de trabalhadores. Nesta terça-feira (09/08) foi realizado no Senai Mário Amato, em São Bernardo um workshop envolvendo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e entidades representativas da indústria, com o objetivo de debater e fortalecer o setor.

Segundo o Dieese, São Bernardo era a segunda cidade no país em número de ferramenteiros no ano de 2005, perdendo apenas para a Capital paulista, e neste ano caiu uma posição. Diadema era a quarta cidade brasileira em número de trabalhadores deste segmento há 17 anos, e hoje é apenas a 11ª no ranking. São Caetano era oitavo lugar em 2005 e hoje é 24°. Santo André era 21° e caiu quatro posições. Em contrapartida cidades de outros estados como Joinville (SC) passou de terceiro para segundo lugar; Jaraguá do Sul (SC) subiu 20 posições e hoje é 14° em número de trabalhadores de ferramentaria e São Leopoldo (RS) é 18° e em 2005 era 25°.
Segundo o governo do Estado neste ano foi provisionado R$ 1 bilhão em recursos para os programas de recuperação de créditos do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para os programas Pró-Ativo, Pró-Veículo, Pró-Veículo Verde e para o Pró-Ferramentaria. Deste valor R$ 900 milhões já estão empenhados. O Pró-Ferramentaria ficou com uma parcela pequena do montante porque ainda é um programa novo e a única empresa que apresentou projeto e que este foi aprovado foi a Volkswagen.
Henrique Araújo, diretor de Assuntos Governamentais da Volks disse que o setor está pouco utilizado na montadora. “A gente investiu milhões de reais nos últimos anos na nossa ferramentaria e a gente não está utilizando, queremos utilizar, a gente quer fazer e mantê-la viva, e esse (o Pró-Ferramentaria) é um possível instrumento de utilização para todo o ecossistema. Quando a gente sair para comprar ferramenta a gente quer ter bons fornecedores que estejam aptos do ponto de vista, tecnológico, financeiro e se a gente tiver um instrumento como esse funcionando no nosso Estado a gente sabe que vai ter uma cadeia forte. É por isso que a gente é tão entusiasta disso. Esses projetos apresentados estão na fase final de aprovação e a gente aguarda a liberação dos recursos. Esse é um efetivo instrumento que privilegia uma característica que é única de São Paulo”, disse
O sub-secretário da Receita no Governo paulista, Luiz Marcio de Souza, garantiu que o Pró-Ferramentaria será perene e que aposta nos próximos anos ele terá irá ampliar a sua participação no bolo de recursos destinados aos programas de recuperação de créditos do ICMS. “O pró-ferramentaria tem um apelo adicional, no sentido de que além de dar liquidez para o crédito, ele permite a promoção de uma indústria particularmente importante no Estado. O Estado tem uma vocação particular para ter esse importante mercado que é o da produção de ferramental. Para nós é muito importante que o programa Pró-ferramentaria prospere, tenha a adesão de novos contribuintes interessados e que nos permita fazer a política de ampliação de liquidez através do programa. Nesse ano estamos prevendo o mínimo de R$ 1 bilhão e faz parte do nosso orçamento a liberação de recursos também para o Pró-ferramentaria. Como é um programa que ainda tem uma quantidade pequena de projetos, claro que não vai ser um destaque de todo o nosso orçamento de crédito acumulado. Mas entendemos que é um primeiro passo, nos próximos exercícios a gente vai poder ampliar a participação do pró-ferramentaria no conjunto. Esse é um programa perene”, disse durante o workshop.
Wellington Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, disse que os programas são importantes para o Estado, mas que o Pró-ferramentaria é que gera negócios. “Essa é uma das políticas públicas que tem a cara da necessidade de um setor importante como o de ferramentaria. É uma maneira inteligente das empresas retomarem o crédito que está retido para utilizar de outras formas. Os ferramenteiros falam muito disso, precisamos ter negócio, precisamos ter a carga da ferramentaria cheia, gerar emprego, renda e tributo. Esse é um dos programas que você devolve e o crédito vira negócio. Além de gerar negócio e fazer com que a economia gire, também recupera o imposto no final do ciclo. É o melhor projeto que a gente pode discutir e pensar principalmente no Estado. Apesar da ferramentaria no Estado ser importante, tem perdido ferramentarias”, disse o sindicalista.
Ao RD, Damasceno disse que a expectativa é boa para o próximo ano. “O Pró-ferramentaria está pronto faz tempo, mas o governo deu uma segurada. Agora depende do orçamento para o próximo ano, que tem que estar na peça orçamentária do governo e de mais projetos. A nossa expectativa é que o valor provisionado aumente”, completou.
(Colaborou Leandro Amaral)