ABC - domingo , 20 de abril de 2025

ABC perde milhões com faltas a consultas médicas agendadas

faltaram às consultas médicas em julho somente em Santo André. (Foto: Helber Aggio/PMSA)

Em um cálculo simples, de que uma consulta médica custa aos cofres municipais R$ 27, a prefeitura de Santo André estimou um prejuízo de mais de R$ 500 mil somente no mês de julho, com consultas agendadas em que o paciente não compareceu. Nesse período foram agendadas 71.099 consultas e registradas 18.547 faltas, equivalente a 26% do total. O RD questionou as demais cidades da região sobre o prejuízo causado com o absenteísmo nas consultas médicas. Os municípios preferiram não colocar a situação em planilha de custos, mas admitiram absenteísmo no mesmo nível ou até maior em algumas especialidades, que a verificada pela prefeitura andreense, o que leva a conclusão que as faltas geram prejuízos milionários aos cofres municipais todos os anos.

Para tentar minimizar o problema a saúde de Santo André, adotou algumas medidas para reduzir as faltas. “As unidades de saúde que oferecem consultas agendadas realizam busca ativa, como ligações para os munícipes dias antes do atendimento para confirmar a presença. Atualmente também há o serviço de WhatsApp corporativo nas unidades, o que amplia as possibilidades de contato com o usuário. Além disso, as equipes trabalham com materiais informativos para conscientizar a população sobre a importância de desmarcar as consultas com a maior antecedência possível no caso de não poder comparecer no dia e hora agendados. Os centros de saúde também atualizam com frequência os cadastros dos munícipes”, destacou o paço andreense, em nota.

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São Bernardo

Em São Bernardo a média de faltas às consultas médicas é de 30%. A prefeitura alerta que, além do prejuízo financeiro relacionado à mão-de-obra profissional, muitas vezes paga por horas trabalhadas, o funcionamento da unidade como um todo é impactado, uma vez que há gastos com energia, água e outros envolvidos. Além disso, a falta prejudica a vaga que poderia ser cedida para outra pessoa.

O secretário de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, não citou valores, mas disse que a situação gera um enorme prejuízo. “Esses 30% são normais até na rede privada. Na época da pandemia esse número foi muito superior e agora esse número voltou ao mesmo patamar. A gente tem feito overbooking, ou seja, se tem uma previsão de 10 atendimentos, nós marcamos 13 ou 14  consultas com aquele profissional. Mesmo assim isso representa muito dinheiro. Tenho o prédio, a energia, os profissionais estão lá, é um valor significativo. Temos ligado com um dia ou dois de antecedência para confirmar a consulta. A falta é um prejuízo financeiro, mas o maior prejuízo é deixar de atender alguém, às vezes tem gente esperando há meses ou até anos, dependendo da especialidade, e quando uma pessoa falta acaba prejudicando o seu próximo. Fica esse apelo, para que as pessoas não faltem às consultas agendadas. Se puder avisar podemos encaixar alguém. Faltar pode atrasar um diagnóstico e até reagendar a situação do paciente pode piorar”.

Além das ligações para o paciente a fim de confirmar a consulta, as unidades de saúde também possuem painéis que divulgam a quantidade de vagas “perdidas” no mês, que deixaram de atender outros pacientes, como forma de conscientizar a população sobre a importância da presença na unidade no dia e horários marcados.

São Caetano

Em São Caetano, no mês de julho, foram agendadas 40.890 consultas na Atenção Básica e 9.399 pessoas desmarcaram ou não compareceram (22,9%), segundo informou a prefeitura. Quanto às consultas com especialistas foram 30.141 agendamentos e 5.711 pacientes faltaram (18,95%). As quatro especialidades com maior absenteísmo foram urologia (32%), dermatologia (28%), ortopedia (26%) e cardiologia (21%). A prefeitura não informou o prejuízo em julho com o absenteísmo, mas estimou que cerca de 20% do orçamento da Saúde seja consumido pelas faltas às consultas. O orçamento da pasta de saúde para este ano é de R$ 443,5 milhões e projetando a perda estimada pela prefeitura, o município perderia R$ 88,7 milhões, só este ano. Para reduzir o problema a prefeitura informou que está implantando um sistema de confirmação via WhatsApp.

Diadema

Em Diadema, considerando somente as consultas com especialistas, foi registrado em julho, aproximadamente 21% de absenteísmo nas consultas. “O município entende que o problema é multifatorial e envolve desde a dificuldade do usuário ter recurso financeiro para comparecer à consulta como do próprio agendamento e de questões administrativas. Por isso, em Diadema, a gestão vem discutindo e trabalhando, desde o ano passado, na implantação de soluções tecnológicas, como viabilizar o serviço de telemedicina. As unidades de saúde que ofertam consultas agendadas realizam contato com os pacientes por telefone ou nas visitas domiciliares realizadas pelos profissionais da Estratégia Saúde da Família. O assunto também é discutido localmente nas reuniões mensais dos Conselhos Gestores com o intuito de sensibilizar a comunidade sobre a importância de comparecer às consultas ou desmarcar com antecedência para que a vaga seja cedida para outro usuário”.

Ribeirão Pires

A prefeitura de Ribeirão Pires informou que não conseguiu fazer o levantamento referente ao mês de julho, mas também admitiu o problema. “A Secretaria de Saúde de Ribeirão Pires, através do trabalho que é desenvolvido na Atenção Primária, realiza a busca ativa pelo paciente, ligando com antecedência para a confirmação da presença do paciente à consulta. Ainda assim, os Agentes Comunitários de Saúde em visitas ressaltam a importância do comparecimento aos procedimentos marcados”.

As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.

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