O Corecon (Conselho Regional de Economia) lançou a quinta edição do Boletim de Conjuntura Econômica do ABCDMRR, que desta vez trata do processo de desindustrialização da região e as necessidades de novos investimentos. Em entrevista ao RDtv nesta quarta-feira (24/8), a delegada municipal da entidade em Mauá, Sandra Collado, e o delegado regional e professor da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Antônio Fernando Gomes Alves, relataram que a saída é a potencialização é o investimento maior em tecnologia e sustentabilidade, assim gerando um futuro mais claro para a região.

Entre os diversos pontos relatados no estudo, um aponta que entre os anos de 2010 e 2019, houve uma queda de 36% no valor adicionado da indústria do Grande ABC. Além disso, a participação da região no PIB (Produto Interno Bruto) estadual caiu de 7,3% em 211 para 5,5% em 2015.
“Esse processo de desindustrialização não é um privilégio só do ABC, ele vem ocorrendo no Brasil como um todo. Percebemos nos estudos do professor Jefferson (José da Conceição) que desde a década de 1990 que isso vem acontecendo. A participação da indústria no Brasil também caí. Em 1989 a participação da indústria era de 48% e em 2021 caiu para 22%, o que também aconteceu no ABC. Essa desindustrialização se intensificou nos últimos sete anos e se agravou mais ainda com a pandemia”, explicou Sandra.
A delega também aponta que a crise econômica vivida no país, somada a crise política e um protagonismo dos investimentos em finanças ao invés da indústria potencializaram tal situação. Além disso, aponta que a falta de tecnologia fez com que o ABC perdesse eficiência de produção, assim precisando correr atrás de uma modernização.
“A cadeia produtiva está cada vez menos intensa no valor agregado do que ela transfere para a região. Isso pode se perceber no artigo em relação a evolução do PIB nos sete municípios, a discussão que se fez em cima da capacidade de agregar o valor. O que nós podemos perceber, o que consta em duas décadas é que não houve avanço real na região. Combinando ainda com o crescimento populacional você tem uma queda significativa de renda per capita e isso é percebido entre 2002 e 2019”, relata Fernando.
O professor também aponta que há uma falta de política tecnológica e industrial no País, o que potencializa a necessidade de uma maior aproximação entre o setor público, as empresas e as universidades para a formação de uma mão de obra qualificada, o entendimento do caminho industrial que deve ser seguido e o investimento em novas empresas. E no caso do ABC, a potencialização da liderança do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC para apontar caminhos e debater as ações.
Outro ponto que chama a atenção é o envelhecimento da região. Entre 2010 e 2021, o número de pessoas com mais de 60 anos no ABC cresceu em 59%. Neste período, o grupo entre 60 e 74 anos cresceu de 208.718 para 340.971. E entre aqueles que tem 75 anos ou mais, o grupo aumentou de 69.431 para 100.985.
Com a queda da taxa de natalidade, é gerada uma preocupação maior com investimentos na saúde, principalmente dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), o que demandará uma arrecadação maior por parte das prefeituras. Com a queda da indústria, que tradicionalmente é o principal setor da região, os especialistas apontam um processo de dificuldade para este grupo no futuro, caso nada seja feito.