
O Dia de Combate ao Fumo, celebrado nesta segunda-feira (29), busca conscientizar a população sobre os malefícios do fumo e do uso do cigarro eletrônico. Ao RD, o pneumologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Elie Fiss, explica que apesar da desinformação da população, é preciso ter consciência que o cigarro eletrônico é mais perigoso do que o cigarro convencional.
Segundo o especialista, os jovens, que são os principais usuários do cigarro eletrônico (conhecido também como vape ou juul), possuem falsa informação de que o dispositivo não causa vício e que pode combater o uso de cigarros convencionais. “Os usuários acreditam que o dispositivo não faz mal, e essa informação passada boca a boca faz com que o uso do cigarro eletrônico seja indiscriminado”, diz ao citar, ainda, que o dispositivo sequer é legalizado no Brasil.
Ainda de acordo com Fiss, muitos dos riscos do cigarro eletrônico ainda não são totalmente conhecidos, isso porque o tempo de uso ainda não foi o suficiente para estudar os efeitos a longo prazo. Entretanto, alguns dos malefícios já são apontados. “Estudos mais recentes mostram que o uso do cigarro eletrônico aumenta as chances de infarto miocárdio. Além disso, existe uma doença aguda chamada Evali (síndrome respiratória aguda causada pelo uso de cigarro eletrônico), que só dá em quem usa o dispositivo”, explica.
Antonio Rissoni Júnior, pneumologia do Hospital Christóvão da Gama de Diadema, ressalta que, além da nicotina, o cigarro eletrônico possui mais cerca de 80 substâncias tóxicas que causam dependência. O vício, de maneira geral, pode trazer diversos problemas à saúde do fumante, como dependência física e psíquica, além de várias doenças como o câncer de pulmão ou o enfisema pulmonar.
O médico chama a atenção em como largar o vício, em método psicológico. “Escolha uma data para deixar o vício e faça dela uma ocasião especial. Marcada a data, faça um plano de como você irá lidar com a abstinência do cigarro. Além disso, conte a todos sobre sua decisão, assim, poderão ajudá-lo nos momentos difíceis”, exemplifica.
Rissoni Júnior ainda ressalta que a síndrome de abstinência é um fator que causa grande sofrimento. Por isso, o paciente pode precisar de acompanhamento de um pneumologista como também de um psicólogo.
Campanhas no ABC
Na região, algumas cidades têm lutado contra o tabagismo através de campanhas pelas redes sociais e atendimentos pela rede pública. Em Santo André, por exemplo, são promovidos cursos para os que desejarem parar de fumar, com tratamento medicamentoso, além do estímulos à terapias diversas e atividade física. Já São Bernardo promove o Programa Municipal de Combate ao Tabagismo, nas 33 UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Cerca de 120 pacientes conseguem deixar de fumar, por semestre, ao participarem das atividades.
São Caetano também possui o tratamento pela rede pública, com grupos de 15 pessoas que desejam largar o vício em 7 UBSs. Além disso, o CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial- Alcool e Drogas) fica com os casos mais graves, refratários e/ou com uso de multisubstâncias. Enquanto isso, Diadema possui a Linha de Cuidado de Cessação de Tabagismo, com atendimento em 10 Unidades Básicas de Saúde. Neste ano, aproximadamente 170 pessoas receberam o tratamento no município.
Rio Grande da Serra faz campanhas de conscientização em escolas e nas unidades de saúde pública, com distribuição de materiais acerca do assunto. E Ribeirão Pires é o único município que não promove nenhuma ação sobre os malefícios do fumo.
Mauá não respondeu até o fechamento da reportagem.