
O presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL) esteve em São Caetano nesta sexta-feira (26/08) onde participou do Ironberg Podcast que aconteceu na academia que leva o mesmo nome. Foi a primeira visita presidencial em agenda oficial à cidade em 81 anos. O presidente foi entrevistado pelos empresários Renato Cariani e Paulo Muzi responsáveis pela academia. Durante a entrevista o candidato voltou a defender o tratamento precoce contra a covid-19, criticou as medidas de isolamento durante a pandemia e defendeu o armamento da população que, segundo ele estaria fazendo a criminalidade cair.
Durante parte da manhã e toda a tarde a rua Major Carlo Del Prete esteve repleta de simpatizantes e apoiadores do candidato. Nas eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito ele teve 75% dos votos nas urnas sancaetanenses. O candidato chegou perto das 16h, horário previsto para o início do programa, desembarcou do carro do lado de fora da academia e foi cumprimentar apoiadores, houve pequeno tumulto na entrada. A live teve início às 16h48 quando já estavam acompanhando a transmissão mais de 220 mil pessoas. A entrevista no entanto chegou a ter pico de 371 mil pessoas assistindo ao vivo.
Os entrevistadores buscaram trazer mais a entrevista para o lado da saúde do corpo. Bolsonaro começou falando que era formado em Educação Física pelo Exército e sempre praticou esportes, sendo até medalhista em algumas competições pelas forças armadas. Ele aproveitou para falar que esse preparo físico ajudou na sua recuperação do atentado que sofreu em Minas Gerais no ano de 2018, durante a campanha presidencial, quando foi esfaqueado. “A atividade física é quase uma garantia de vida saudável. Se não fosse essa vida pregressa, tive acidente de paraquedas em 1985 e a facada. Tem que cuidar da carcaça. Eu era era um deputado de baixo clero vim de baixo, mas fazia a minha parte. Eu estava crescendo comecei andando sozinho pelo Brasil e em Juiz de fora tinha mais de 40 mil pessoas, enfrentei e levei a facada. Fui bem tratado na Santa Casa. Foi um sofrimento, bolsa de colostomia, sonda nasogástrica, não tem posição na cama. Foram cinco cirurgias no total. A recuperação foi boa tendo em vista o meu passado como atleta”, relembrou.

Covid-19
Bolsonaro disse que não cometeu erros durante a pandemia, e foi quando voltou a defender o tratamento precoce contra a covid-19, que especialistas de todo o mundo garantiram que não têm eficácia. “Eu não errei uma na pandemia, eu estudei isso para burro. Fui atrás do tratamento precoce. Tinha alternativas que estavam dando certo. Usamos o tratamento precoce. No Planalto 200 pessoas pegaram e nenhum foi hospitalizado, criminalizaram a autonomia médica”, declarou. “A covid deixou um legado; gastamos R$ 700 bilhões em aparelhamento de hospitais; criamos o mais médicos pelo Brasil; nós melhoramos muita coisa. Muita gente seria salvo se tivesse feito o tratamento mais cedo”.
Ao ser perguntado por Paulo Muzi sobre como melhorar as condições de residência médica para os estudantes de medicina, Bolsonaro disse que precisava consultar o ministro Marcelo Queiroga, pouco depois o próprio ministro, em ligação telefônica para o presidente, explicou que tem trabalhado junto com o ministério da Educação para aprimorar a residência médica.
Bolsonaro também foi perguntado porque é que o governo não volta a colocar a Educação Física como matéria obrigatória nas escolas, mas o presidente não quis firmar compromisso. “Sei que é vantajoso, mas precisa ver se vamos conseguir. O orçamento é uma despesa obrigatória. Brasil tem dívida de R$ 6 trilhões e para rolar gasta mais de R$ 1 trilhão por ano. Estamos no limite, é essa questão. Pode ser estudado ter um professor de educação física se ele der outra matéria. Reconheço que é bem vindo mas no momento não dá para ampliar. Não dá para aumentar despesas para ganhar a simpatia dos muitos professores de educação física que nos assistem. Regulamentamos a profissão de Professor de Educação física. Posso dizer que isso está no meu radar, mas já adiantei a dificuldade que a gente tem. Qualquer mexida a mais desequilibra”.
Impostos
O presidente-candidato disse que vai estimular a piscicultura no país zerando impostos par importação de ração. Ele também falou da redução de impostos para complemento alimentar à base de proteína, que zerou impostos federais sobre os produtos da cesta básica e do gás de cozinha. Bolsonaro fez um destaque para o imposto zerado para importação de veleiros e jet-skis. “A Europa tem 5 milhões de veleiros e cada um pode dar dois empregos. Quando fala de jet-ski que para o turismo é uma coisa fantástica, não apenas zeramos imposto de importação como e facilitamos com a nossa marinha para tirar habilitação para equipamentos de motonáutica”.
Agronegócio
Jair Bolsonaro também fez a defesa do agronegócio brasileiro e disse que o mundo está de olho no Brasil e defendeu o uso de armas no campo e na cidade. “Fui negociar com o (Wladimir) Putin na Rússia, em fevereiro, a remessa de fertilizantes para cá porque na iminência da guerra havia a possibilidade enorme de não termos mais. O mundo está consumindo mais, crescemos mais de 50 milhões de habitantes por ano, o nosso agronegócio nos garante a segurança alimentar, bem como de mais de um bilhão de pessoas pelo mundo. Europa vive seca nunca vista, fora outros problemas como a guerra e a redução de gás que vem da Rússia. Alemanha voltou a gerar energia de carvão, queimadas na França e a agricultura está bastante prejudicada por essa onda de calor. Nós estamos muito bem no Brasil, levando em conta o mundo. Estamos fazendo a nossa parte não podemos interferir no mercado tabelando e fazendo demagogia. O mundo todo está de olho na gente. Demos mais um grande passo no acordo comercial do Mercosul com o bloco europeu. Começaram a fazer pressão pela questão ambiental da Amazônia. Não podemos desequilibrar trazendo uma inflação exagerada para nós aqui dentro. Estamos armando o pessoal do campo e também a cidade, facilitamos bastante a posse de arma de fogo e isso tem diminuído a violência ano após ano”.
Fome
O presidente disse que a fome no país não atinge níveis como tem se falado de que são 30 milhões de pessoas passando fome no Brasil. “A fome não existe da forma como é falado. Extrema pobreza é ganhar US$ 1,9 por dia, o que dá R$ 10, e no auxílio Brasil são R$ 20 por dia. São 20 milhões de famílias que ganham isso ai. Esse número de 30 milhões passando fome não é verdade. Vendem mentiras do Brasil lá fora”, sustentou.
No final da entrevista, que durou pouco mais de uma hora e quarenta minutos, Bolsonaro voltou a falar de pandemia e a criticar as medidas de isolamento social, que chamou de ditadura dos governadores. “Passamos dificuldades, a pandemia atingiu o mundo todo, mortes, desequilíbrio da questão econômica, mas a gente vai vencendo, vocês conheceram um pouco do que é ditadura onde alguns governadores no ‘Fique em Casa, a economia a gente vê depois’, obrigando a fechar tudo, muita gente perdeu emprego e eu tentei reabrir as academias. A minha opinião sobre atividade essencial é toda aquela para o homem e uma mulher levar o pão para dentro de casa. Vi mulher presa na praça, surfista caçado como se fosse um bandido e as consequências danosas para a economia. Fizemos o possível da nossa parte. Os números demonstram que o Brasil está indo muito bem, mas como diz o ditado nada está tão ruim que não possa piorar”, disse ao falar de governos de esquerda e dos países da América do Sul. “ As forças armadas são o último obstáculo para o socialismo”, finalizou.