
Os trabalhadores da Mercedes-Benz voltaram ao trabalho nesta segunda-feira (12/09) após três dias de paralisação da fábrica, em protesto contra o anúncio de demissão de 3,6 mil trabalhadores, feito pela montadora no dia 6. Apesar do retorno ao trabalho, ainda não há uma solução que faça a empresa mudar sua intenção de dispensar os operários. Nesta terça-feira (13/09) o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a empresa têm encontro marcado para a primeira reunião de negociação.
A Mercedes-Benz pretende demitir 2,2 mil trabalhadores das áreas de logística, manutenção, ferramentaria, laboratórios, fabricação de eixos e transmissões de caminhões médios, e 1,4 mil trabalhadores com contratos temporários. O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico e diretor do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, disse que nesta segunda-feira (12/09) foram realizadas conversas com os trabalhadores das áreas afetadas.
Segundo o diretor do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, a entidade ainda não foi chamada para participar das discussões, mas acha muito difícil fazer com que a montadora volte atrás na sua decisão. “Todo o esforço é válido, mas o histórico mostra que não tem dado muito certo”, comenta. O Ciesp ainda não fez um estudo sobe o tamanho do prejuízo à economia da cidade com a perda dos 3,6 mil empregos, mas Miaguti avalia que ele será grande em diversas áreas. “São mais de três mil famílias que vão deixar de consumir, trabalhadores que ficarão sem convênio médico e vão para o serviço público”.
Para Miaguti não adianta chorar o leite derramado, é preciso diagnosticar as causas das demissões. “Estamos vivendo um processo de desindustrialização no ABC há 20 anos então é preciso mudar o ambiente de negócios. Se os problemas são as novas tecnologias, precisamos discutir quantas empresas de tecnologia podemos atrair para a região. O Ciesp tem o projeto Uso do Poder de Compra onde a gente descobre onde estão esses fornecedores e tenta trazer para cá, mas os players não compraram a ideia, a prefeitura e o Estado teriam que abrir mão de algum imposto para que essas empresas venham”, aponta.
Fórum
O diagnóstico setorial da indústria do ABC é o foco das reuniões do Fórum da Indústria, criado pela Agência de Desenvolvimento. A última reunião setorial aconteceu no início de agosto com o setor Farmacêutico e de Higiene Pessoal, antes discutido o pacto regional, formalizado em junho. Segundo Silva o próximo encontro já será feito em cima de sugestões para o desenvolvimento de cada setor. “Tivemos conversas com os Ciesps e universidades, que agora estão organizando sugestões por setor dentro do pacto regional. O objetivo é sincronizar o Fórum com as indústrias e os Ciesps têm contribuído”, disse. O próprio Mauro Miaguti palestrou em um destes encontros.
Aroaldo Oliveira da Silva, esteve nesta segunda-feira em Goiânia (GO) para um encontro da IndustriALL Brasil, do qual é presidente. “A ideia foi colher um pouco do retrato de Goiás, que pode ajudar também no debate nosso aqui”, disse. O presidente da Agência lembrou que o Fórum da Indústria foi criado à partir de uma experiência do Rio Grande do Sul e que lá já houve avanços. “Eles estão mais adiantados do que nós. Já estão inclusive articulando com os governos”, relatou. Ele disse ainda que a próxima reunião, em cima das propostas levantadas pelos Ciesps e universidades ainda não tem data marcada, mas a intenção é que aconteça ainda neste mês de setembro.