
A diretoria da Mercedes-Benz e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estiveram reunidos nesta terça-feira (13/09) para discutir a decisão da montadora de demitir 3,6 mil trabalhadores. Foi a primeira reunião de negociação desde o anúncio feito pela montadora no dia 06/09. Os trabalhadores chegaram a cruzar os braços e voltaram ao trabalho somente nesta segunda-feira (13/09). A representação dos trabalhadores manteve a posição de que não aceitará as demissões. “Se tiver demissão vai ter reação imediata dos trabalhadores”, avisou o presidente do sindicato e trabalhador da Mercedes, Moisés Selerges.
Durante a reunião os representantes da empresa apresentaram os números referentes a situação econômica da planta e das áreas envolvidas no projeto de terceirização desejado pela companhia. De acordo com Selerges o sindicato quer ajudar a empresa a equacionar os números e manter os empregos. “As demissões trazem prejuízo não só para os trabalhadores, mas para o município, para o Estado e para o país, então temos que buscar caminhos, que não vai ser o caminho dos sonhos do sindicato, como também não vai ser o caminho dos sonhos da empresa. Não tem uma receita pronta para isso, tem que ir construindo, vamos ajudar a empresa a construir alternativas para ser competitiva”, disse o sindicalista.
A Mercedes-Benz pretende demitir 2,2 mil trabalhadores das áreas de logística, manutenção, ferramentaria, laboratórios, fabricação de eixos e transmissões de caminhões médios, e 1,4 mil trabalhadores com contratos temporários. Selerges disse ainda que o clima na fábrica é tenso. “Esse anúncio gerou uma tensão muito grande, os trabalhadores estão inseguros quando ao seu futuro”. O presidente do sindicato disse que essa primeira reunião não foi ainda de apresentação de propostas foi apenas de colocação de situações. A próxima reunião está prevista para o fim da próxima semana em dia ainda a ser definido.
Selerges também disse que não existe um cronograma de desligamentos. “Até porque se tivesse já uma data para dispensar os trabalhadores a conversa seria bem outra. Por enquanto eu prefiro o otimismo de acreditar que seremos vitoriosos. Vamos tomando as ações conforme a negociação segue. Acredito que a paz é mais barata do que a guerra, mas se formos atacados terá a reciprocidade”, disse dando entendimento de que a resposta será na mesma medida.
Em nota a Mercedes-Benz manteve a posição de que a reestruturação da empresa é necessária e pondera dizendo que vai buscar fornecedores na região que devem “absorver significativos volumes de negócios”. Confira a íntegra da nota da montadora. “A Mercedes-Benz do Brasil confirma que, mantendo sua tradição de buscar soluções através do diálogo, está iniciando negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para discutir as medidas do seu plano de transformação das operações de Caminhões e Ônibus no Brasil que impactam seus colaboradores. Vamos manter a todo momento o nosso compromisso de transparência e respeito aos colaboradores e representação sindical, tendo em vista a urgente necessidade de reestruturação de áreas e, consequentemente, a garantia de sustentabilidade dos negócios a longo prazo no país. Também é importante ressaltar que buscaremos empresas fornecedoras, as quais absorverão significativos volumes de negócios, em materiais e serviços – de preferência na região de São Paulo e do ABC, também em compromisso com a nossa comunidade local. Reforçamos que vamos fazer todos os esforços possíveis para que se atinja uma solução negociada, sempre com transparência, respeito a todos os envolvidos e comprometimento com a sociedade”.
Na última semana a SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) do Estado informou que investiria em qualificação profissional para garantir a empregabilidade dos trabalhadores que vierem a ser demitidos. Novamente questionada a secretaria manteve o mesmo posicionamento. “O objetivo é contribuir na transição desses trabalhadores com qualificação profissional. A expectativa é que esses empregos migrem de lugar, saindo da multinacional e indo para fornecedores da região”.