
Se comprovadas as expectativas do administrador da massa falida da Pierre Saby, metalúrgica de Santo André que faliu há 21 anos, está perto do fim a espera interminável dos ex-trabalhadores da empresa pelo pagamento das rescisões trabalhistas. O advogado que representa a massa falida, Paulo Roberto Bastos Pedro, disse ao RD que nos próximos dias serão concluídas as contas de liquidação e os próximos passos são: a publicação e o despacho da Justiça autorizando o pagamento aos credores, tendo as dívidas trabalhistas como prioritárias, de acordo com a legislação.
“Estou retirando no fórum os incidentes, os processos que são individuais. Esses processos são mesmo demorados e neste caso da Pierre Saby é um processo antigo, físico ainda, que parou durante a pandemia. Agora estou trabalhando para resolver logo essa situação. Com a publicação das contas na imprensa local, correm os prazos e se não houver nenhum recurso o juiz já pode decidir e determinar o pagamento”, disse o procurador da massa falida.
Uma parte dos trabalhadores, na época da falência da empresa recebeu parte dos direitos trabalhistas num acordo mediado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. Outros trabalhadores preferiam aguardar para receber integralmente os valores, alguns entraram em processos coletivos e outros processos individuais.
O dinheiro é muito aguardado pelos ex-funcionários, grande parte deles já aposentada e necessitando de cuidados de saúde. É o caso de Edson Brandão dos Santos, operário da Pierre Saby que deixou a empresa e 2001. Ele conta que precisou fazer uma cirurgia de coração, que toma remédios muito caros, que mora de aluguel e a aposentadoria mal dá para as despesas. “Vai fazer 22 anos que esperamos por isso, é a nossa vida que está em jogo”, revolta-se o metalúrgico aposentado que diz que a conta da massa falida tem R$ 18 milhões. “Esse dinheiro está parado lá e a gente sem receber”.
José Wilson Marques de Carvalho trabalhava na função de esmerilhador. Depois que saiu da Pierre Saby teve outros empregos e agora está aposentado. “Dá revolta porque eles estão com o dinheiro na mão e não nos pagam, é um dinheiro nosso que está lá e enquanto isso a gente tem que se virar com uma aposentadoria que aumenta só uma vez por ano e os remédios que a gente toma, cada vez que compra fica mais caro”, lamenta. Carvalho é um dos trabalhadores que entrou com processo coletivo contra a massa falida.
Alguns trabalhadores e da empresa morreram a espera do pagamento. Carvalho e Santos chegaram a fazer uma busca pelos antigos colegas. “Pelo menos oito faleceram, e as famílias nem sequer sabiam sobre o direito que tinham ao pagamento. Esses oito casos nós localizamos, mas esse número pode ser maior”, disse Carvalho.
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, confirmou que parte dos trabalhadores da Pierre Saby recebeu seus direitos com alguma redução e que isso foi fruto de um acordo realizado com arbitragem do sindicato, porém nem todos os trabalhadores aderiram.