
A pandemia foi um período de intensa atividade para a artista plástica Nanete Azevedo. A doença que causou centenas de milhares de mortes e trouxe o caos social para o país ganhou uma leitura naif e virou tema da mais nova exposição da artista. Fé na Máscara é uma série que chega à Pinacoteca de Mauá, a partir do dia 7 de outubro, e apresenta a produção de Nanete Azevedo entre os anos 2020 e 2022, com obras que retratam o conturbado período que mexeu com o jeito de se lidar com a doença e com a morte no Brasil e no mundo. O projeto foi selecionado pelo Programa de Ação Cultural (Proac) do Governo do Estado de São Paulo – edital 29/2021.
A artista expõe pinturas de acrílico sobre tela e sobre lona, além de cerâmicas e um cordel, que acompanhar uma das obras. Tudo retratado com o traço típico da arte popular brasileira. “Foi uma felicidade ter sido premiada e poder mostrar para o público, com minhas tintas, o que eu vi durante essa pandemia. É uma pequena análise do que nós passamos, do que o povo brasileiro enfrentou, mostrada de maneira colorida e utilizando um pouco de licença poética”, destaca Nanete Azevedo.
Para a jornalista e artista plástica Carmen Novo, que mora na França e faz um texto que abre a exposição, Nanete Azevedo representa cenas da “desordem social vistas durante a pandemia. […] As paisagens são mais urbanas e o sofrimento parece paralelo à resignação. O sincretismo religioso tão característico de nosso país continua pulsante nessas pinturas carregadas de elementos figurativos. São numerosos personagens que se opõem ao silêncio do isolamento social: uma espécie de retrato mudo do caos social”, analisa. Segundo a curadora da exposição, a arte-educadora Wal Volk, “para Nanete pintar está longe de ser um exercício técnico, “é a mais pura expressão de fé. A cada rosto, a cada máscara, a artista fortalece o sentido adequado que se deveria ter dado ao controle da pandemia. Que cada máscara pintada e que todos os seus personagens revisitados possam fortalecer a necessidade de uma mudança de comportamento para um futuro melhor, sustentável e com alegria”, destaca.
Nascida em Campina Grande (Paraíba), Nanete Azevedo morou em Recife (Pernambuco) antes de migrar, em 1976, à cidade de São Paulo com 7 filhos. Em 1980, chegou a São Bernardo do Campo, onde se radicou. Aos 78 anos, a artista volta a expor depois de quatro anos de sua última exposição individual. Além do incentivo do Proac, Fé na Máscara conta com apoio da Prefeitura Municipal de Mauá.
Serviço
Exposição Fé na Máscara de Nanete Azevedo
De 7 a 30 de outubro, terça à domingo, das 9h às 18h
Pinacoteca de Mauá
Saguão do Teatro Municipal – Rua Gabriel Marques, 353 – Vila Noêmia – Mauá
Entrada franca