
A delegada Jakelline Barros, que preside o inquérito sobre a morte do ambientalista Adolfo Duarte, o Ferrugem, ocorrida no dia 1° de agosto, indiciou os quatro jovens por homicídio triplamente qualificado. Segundo a polícia o depoimento de um dos suspeitos teria dado sustentação de que a morte foi resultado de um crime e não de um acidente. A polícia apresentou o relatório da investigação nesta terça-feira (18/10) e representou pela conversão da prisão temporária em prisão preventiva, cabe agora ao Ministério Público decidir se aceita o pedido. O advogado que representa os dois rapazes suspeitos disse que vai impugnar o laudo pericial sobre a causa da morte de Ferrugem e também o novo depoimento de um dos jovens presos, Mauricius da Silva.
De acordo com a polícia, no dia da reconstituição do crime Silva foi inquirido novamente e teria dito que ouviu de Vithorio Alax Silva Santos, outro acusado, a seguinte expressão “zoei o cara”. De acordo com a polícia a vítima teria sido morta por ciúmes que Vithorio sentiu de Mikaelly da Silva Santos, já que Ferrugem dançava com ela e com Katielle Souza Santos.
Para o advogado o depoimento foi tomado sem a presença do seu defensor e em um momento em que Silva estava cansado e com fome depois de ter passado o dia e a noite na reconstituição do caso. “Desde o início consideramos prisão dos quatro injusta, pois eles estavam colaborando com as investigações. Ocorreram abusos, como ouvir os rapazes sem a minha presença. Vamos impugnar essas provas que estão nos autos, primeiro o laudo médico e sem dúvida nenhuma vamos impugnar esse depoimento”, explicou André Nino ao RD. O laudo pericial apontou que Ferrugem morreu por asfixia e não por afogamento. “A perita não explicou como chegou a essa conclusão”, disse André Nino.

Segundo o defensor o laudo médico feito no corpo de Ferrugem tem falhas. “A perita fez conclusões, o que não pode, e a marca no corpo não é no pescoço, que indicaria tentativa de esganadura, mas é no peito e tem outra na cabeça. O Adolfo pode perfeitamente ter sido atingido pelo próprio barco depois de ter caído”, analisa. Já sobre o depoimento o advogado diz que a fala de Mauricius Silva tirada de um contexto pode significar várias coisas. “Pode significar, por exemplo, que, ao manusear os controles do barco acabou acelerando e derrubando a vítima”, interpreta.
Por fim o defensor disse que a polícia tentou desde o início tirar alguma confissão de um dos quatro envolvidos no episódio. “A prisão há dois meses serviu para que um acabasse acusando o outro, o que não aconteceu, pois os quatro mantêm a mesma versão desde o início”, conclui.
O crime aconteceu na margem da represa Billings no lado da Capital e é investigado pelo 101° Distrito Policial. Os quatro jovens estão presos desde 24 de agosto na carceragem do 8° DP também na Capital. Ferrugem conhecia a represa como ninguém, além de barqueiro ele era ambientalista e era bem conhecido também no ABC, tendo, inclusive, realizado expedições com entidades de proteção ambiental para pesquisa. Ele também atuava na ONG Meninos da Billings que dava aulas de caiaque sobre meio ambiente para jovens das comunidades carentes que margeiam a represa.