
Depois que a prefeitura de Diadema afirmou ao RD que o Estado usou critério político e não técnico para instalar catracas para a cobrança de integração nos terminais do Centro e de Piraporinha, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) disse que a cobrança se deve ao cumprimento de contrato com a Next Mobilidade, que opera o corredor ABD. A companhia estadual disse também que a proposta feita pela prefeitura para administrar os dois terminais não cobre os custos.
No último dia 19/10 o RD publicou reportagem (https://rd.abc.br/3170536) com justificativa da prefeitura de Diadema sobre porque a mobilização política não tinha dado resultado após quase dois anos de negociações. A retirada das catracas permeou a campanha política de 2020, sendo que o prefeito eleito José de Filippi Júnior (PT) usou isso em sua campanha. Entre 1991 até 2017 os passageiros transitavam livremente nos terminais entre as linhas municipais e intermunicipais, de forma integrada sem pagamento de tarifa.
O contrato com a Next Mobilidade, firmado por mais 25 anos e que vai até 2046, foi a justificativa para que a tarifa de integração passasse a ser cobrada. “A tarifa de R$ 1,15 na integração com o serviço municipal, cobrada nos terminais Diadema e Piraporinha, refere-se ao cumprimento de cláusulas contratuais com a concessionária Next Mobilidade para a execução de serviços de substituição, conservação, manutenção preventiva e corretiva da rede aérea de alimentação dos trólebus. Estes serviços eram de responsabilidade da Eletropaulo e foram transferidos para a antiga concessionária Metra em 2012”, disse a gestora do sistema intermunicipal em nota enviada ao RD.
A EMTU também rebateu o posicionamento da prefeitura de Diadema, que havia dito à reportagem que fez propostas, para gerir os dois terminais, porém o Estado não aceitou. “Sobre a proposta da prefeitura de Diadema, ressaltamos que os valores propostos para a conservação e manutenção dos dois terminais são inferiores aos custos atuais”, respondeu a empresa metropolitana. Ainda de acordo com a EMTU os passageiros que pagam a tarifa de integração nos terminais de Diadema correspondem a cerca de 16% do total dos usuários das linhas do Corredor ABD.
A EMTU destacou ainda que os usuários dos dois terminais de Diadema e os de São Mateus contam com desconto. “A tarifa de integração é cobrada integralmente nos terminais metropolitanos do Corredor ABD, só é cobrada parcialmente em Diadema, Piraporinha e São Mateus que contam com desconto desde o início da cobrança”.
Prefeitura
Para a prefeitura a decisão do Estado de cobrar a tarifa foi política. Desde 1991, através de um convênio, os terminais tinham livre integração sem cobrança pela transferência entre as linhas municipais e intermunicipais, mas isso mudou em 2017 com a instalação das catracas. Hoje os usuários que chegam dos bairros nos ônibus municipais e seguem para o sistema gerenciado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) têm que, obrigatoriamente, pagar a tarifa de integração no valor de R$ 1,15. No movimento contrário, a prefeitura não cobra do usuário.
Segundo a administração, nos 22 meses de governo foram realizadas nove reuniões para tratar do assunto, sem resposta do Estado. “Desde o início da administração, esta gestão não mediu esforços para mostrar ao Governo do Estado que a cobrança da integração nos terminais metropolitanos era injusta com a população de Diadema. A baldeação gratuita funcionou, durante 26 anos, em um sistema financeiro que jamais mostrou prejuízo aos atores envolvidos. Foi com este olhar que o prefeito José de Filippi Júnior e representantes da Secretaria de Transporte e Mobilidade de Diadema se reuniram por nove vezes com o Governo do Estado e com a EMTU. Em nenhuma das propostas houve quaisquer sinalizações por parte do Governo do Estado, o que indica que a cobrança da integração tarifária nos dois terminais de Diadema é uma decisão política por parte da administração estadual, fato que a administração de Diadema lamenta”.