Nesta sexta-feira (28/10), um dia após o debate entre os candidatos a o governo do Estado na Tv Globo, o Fernando Haddad (PT) fez caminhada no Centro de São Bernardo onde voltou a afirma que seu oponente nas urnas Tarcísio de Freitas (Republicanos) não conhece o São Paulo e que ele tem apenas seis meses em terras paulistas. “Nós vamos mandar ele de volta para a família no Rio e vamos mandar também o (Jair) Bolsonaro (PL) para a cadeia pelos crimes que cometeu”, disse o petista em carro de som.
O ato contou com o alto clero do petismo da região e de fora dela. Sobre o carro de som ao lado de Haddad e de sua esposa Ana Estela, estava o ex-prefeito de São Bernardo e deputado federal eleito, Luiz Marinho. Também estavam presentes o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, os deputados estaduais reeleitos Luiz Fernando Teixeira e Teonílio Barba. O deputado federal Carlos Zaratini, o deputado federal eleito Eduardo Suplicy, o federal Carlos Zaratini, além das vereadores de São Bernardo Ana do Carmo e Ana Nice.
Sobre o carro de som, Haddad mirou o adversário adotando a mesma estratégia de colocá-lo como forasteiro. “Temos que ajudá-lo a voltar para o Rio de Janeiro na segunda-feira. Vamos fazer uma vaquinha”, brincou. O candidato petista também falou sobre o embate entre os dois no debate televisivo. “Vocês viram que não precisa de arma para derrubar um oponente, basta ter um bom argumento, ter estudado o estado que você quer governar, que você derruba o cara que não sabe o que está acontecendo no Estado. Ele fez um contrato de seis meses para conhecer o Estado. Tem coisa muito séria em jogo, a merenda e a vacinação das nossas crianças, o salário mínimo do idoso, do aposentado. Nós não podemos brincar com coisa séria e ele está brincando”.
Haddad também fez a comparação da disputa estadual entre ele e Freitas com a disputa nacional entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. “Estamos encerrando aqui em São Bernardo que é o berço da Democracia, aqui renasceu a Democracia no país e é aqui que temos que fazer a arrancada final, para virar São Paulo porque virar aqui é a certeza absoluta que o Lulinha vai dar um baile no Bolsonaro. Mais do que mandar o Tarcísio para o Rio é mandar o Bolsonaro para a cadeia, para que ele pague pelos crimes que cometeu”, discursou.
O debate ainda permeia as principais discussões políticas e o discurso dos dois postulantes ao Palácio dos Bandeirantes. “Achei muito bom o debate, lamentei só ter tido dois, poderia ter tido os cinco previstos. Mas deu para a população de São Paulo saber que tem muita coisa em jogo na saúde, na habitação e na segurança pública. A gente manteve o nível do debate num tom relativamente respeitoso e penso que nós conseguimos levar as nossas propostas para o eleitor”, disse Haddad que está confiante em uma virada, já que ambos aparecem tecnicamente empatados nas pesquisas, com pequena vantagem para o candidato do Republicanos.

O candidato do PT também voltou a falar, a exemplo do que fez no debate da Tv Globo na véspera, sobre o episódio ocorrido na Favela de Paraisópolis, na Capital durante evento que teve a participação de Tarcísio de Freitas. Haddad questiona a campanha adversária pelo pedido que foi feito a um cinegrafista da Jovem Pan para apagar imagens que feitas durante a confusão. “Eu acho muito chato o que aconteceu no negócio de Paraisópolis, eu esperava que a resposta do Tarcísio fosse outra; a de que ele fosse lamentar a atitude da equipe e que fosse batalhar para que as questões fossem elucidadas, afinal de contas é um episódio que precisa ser explicado, o que não significa levantar suspeita sobre ninguém, significa fazer o trabalho que tem que ser feito. Tem que reunir os elementos e dar uma satisfação para a opinião pública do que aconteceu. Então eu esperava da parte dele uma postura mais firme em relação à transparência, ao apoio às investigações, apoio ao jornalista que acabou desligado da Jovem Pan. São coisas importantes, um profissional cumprindo a sua obrigação, acabou sendo prejudicado”.
Agronegócio
Fernando Haddad também falou sobre encontro em que deve receber apoio de setores do agronegócio paulista. “O agro nunca recebeu tanto apoio quanto nos nossos governos e vai continuar recebendo. A gente entende que é um setor importante da economia, de geração de divisas, nós estamos preocupados com o agro de São Paulo por causa do desmatamento da Amazônia, isso causa muita preocupação porque o regime de chuvas está mudando muito drasticamente. O grande produtor ainda se protege, reserva água, mas o médio e o pequeno estão começando a perder produtividade em virtude da mudança climática, então vamos ter que apoiar o médio e o pequeno agricultor, sobretudo o agricultor familiar, esse é a maior vítima da mudança climática”.
A ligação com o MST (Movimento Sem Terra) e o PT também foi tema abordado em entrevista do candidato após o ato em São Bernardo. “O MST tem produtores rurais que são tão cidadãos quanto qualquer outro produtor rural. Se você assentou uma família e ela está produzindo você te quem escoar aquela produção, fazer a compra direta, fazer estoques reguladores, tudo que não está sendo feito hoje. A merenda está perdendo qualidade e essa é uma ação governamental muito importante, garantir a alimentação adequada para as crianças. Você tem que ter estoques reguladores para evitar o que está acontecendo no supermercado. As pessoas não conseguem encher o carrinho hoje”.
Segundo Haddad há terras suficientes para a produção agrícola, mas é preciso que o país invista mais em tecnologia. “O Brasil tem em torno de 30 milhões de hectares de velhos pastos que deveriam estar sendo recuperados para a agricultura familiar. É um absurdo num país que tem a riqueza fundiária que o Brasil tem, ficar estimulando conflito. Tem terra para todo mundo. Duas questões resolvem tudo; investimento e tecnologia. A pesquisa está sofrendo com a falta de recurso, as pragas estão se alastrando sem que haja um investimento pesado em pesquisa e o crédito barato que também acabou. Esses são os dois pilares de uma agricultura; forte apoio científico com investimento em pesquisa e crédito barato. Hoje não temos nenhuma das duas coisas. O MCT, o antigo ministério da ciência e Tecnologia, perdeu 70% da verba em pesquisa em sete anos. Então estamos comprometendo um dos maiores patrimônios do Brasil que responde por metade da produção científica latina, e São Paulo metade da brasileira”.
Sabesp
O tema Sabesp tem sido insistentemente abordado nos eventos de campanha do PT em São Paulo, já que a proposta de Tarcísio de Freitas é privatizar completamente a companhia que já é de capital aberto. “Eu cresci quatro pontos no interior na última semana e isso porque nós dialogamos muito com um tema caro ao interior que é a água. Essa coisa de privatização da Sabesp é um absurdo, o mundo inteiro está re-estatizando as empresas de fornecimento de água porque deu errado. É um bem tão essencial que tem que ser mantido na esfera pública e a Sabesp é uma empresa com governança corporativa tem ações em bolsa, ela já é aberta, basta fazer parcerias público-privadas, empréstimo se necessário que vamos buscar a eficiência da Sabesp. É um erro do meu adversário lutar contra a ciência, contra a câmera no uniforme, luta contra a vacina, luta contra a Sabesp estatal, ele está adotando práticas antigas, uma velharia que não vai colocar São Paulo na modernidade”.
Em resposta ao jornalista do RD, Leandro Amaral, Fernando Haddad falou da sua preocupação com o presidente Jair Bolsonaro, caso o PT vença no domingo. “Não sabemos como vai ser o comportamento do Bolsonaro; ele é errático, é ciclotímico, tem horas que ele está eufórico e manda comprar arma, tem hora que ele se deprime e diz que vai aceitar o resultado. Nós não sabemos em que parte desse ciclo ele vai estar no domingo. Ele pode estar na alta da euforia, estimulando a violência, ou na baixa da depressão, recolhido em casa. Só um médico para nos ajudar a saber o que vai acontecer no domingo com ele. Há esse temor porque ele não está tendo acompanhamento médico e acho que ele deveria, porque o que ele faz não é normal. Não é normal um presidente agir dessa maneira, todo dia é um sobressalto no país e no dia seguinte a depressão, depois o sobressalto. Esse tipo de comportamento exige acompanhamento”, finalizou.