
O ABC oferece atendimento oftalmológico gratuito pela rede pública de saúde. Entretanto, munícipes aguardam na fila por consulta, o que pode fazer com que o paciente desenvolva problemas de visão permanentes.
Segundo o professor de oftalmologia no Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Renato Leça, muito tempo sem atendimento oftalmológico pode fazer com que a visão seja prejudicada. Especialmente agora com o uso do celular e computador, diz, o grau pode aumentar. “Com isso, as queixas eventuais de dores de cabeça, cansaço, sonolência e dor nos olhos”, cita, ao apontar que, sem os exames periódicos, outros problemas como glaucoma e edema macular diabético passam despercebidos. “São condições que precisam de acompanhamento constante, e um tempo sem esse acompanhamento pode levar danos visuais permanentes”, completa.
Ainda de acordo com o médico, em crianças a demora no atendimento pode fazer com que tenham má correção de grau ou a não correção do grau. “Assim, a criança está sujeita a ter uma baixa de visão permanente”, afirma. Já em adultos, há a possibilidade de glaucoma, degeneração macular relacionada à idade, retinopatia diabética e outros problemas visuais.
Leça ainda chama atenção para a frequência mínima que os pacientes devem consultar um oftalmologista. De modo geral, aconselha consulta a cada ano para quem tem algum grau. Para quem tem alguma doença, a cada três ou seis meses, depende de cada caso. O oftalmologista diz que, quem não apresenta queixas de visão deve procurar um profissional. “É comum achar que enxerga bem, mas não enxerga. No exame periódico, conseguimos detectar problemas que as pessoas não sentem e a visão vai sendo acometida”, ressalta, Quanto antes estas doenças forem descobertas, maior a probabilidade de evitar doenças visuais.
Filas para atendimento
Rio Grande da Serra conta com 365 pacientes que aguardam atendimento oftalmológico. Destes, 210 esperam por avaliação geral, 91 por consulta infantil, 53 por atendimento para glaucoma e 11 por ceratocone.
Já Ribeirão Pires, que oferece os serviços de mapeamento de retina, campimetria e retinografia, conta com apenas quatro pessoas (menores de idade) que aguardam atendimento para retinografia. Em razão da idade, a vaga depende e deve ser cedida pelo governo do Estado. Não há como estipular uma previsão de atendimento para os que aguardam na fila.
Diadema não informa a quantidade de pessoas à espera de consulta oftalmológica. Apenas menciona que, com o avanço da vacinação contra a covid-19 e melhora da situação epidemiológica da cidade, a administração iniciou o retorno gradativo do atendimento em março de 2022. De janeiro a outubro deste ano, foram realizados 43.303 exames, 9.292 consultas e 648 cirurgias.
A cidade conta com consulta nas especialidades geral, catarata, córnea, estrabismo, glaucoma, çentes de contato, neuroftalmologia, plástica ocular, retina e retina do recém-nascido, e exames como teste ortóptico, teste teller, retinografia fluorescente, retinografia colorida, campimetria computadorizada, paquimetria, topografia, biometria e ultrassonografia de globo ocular. Todos são realizados no Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde.
São Bernardo também não menciona a quantidade de moradores que aguardam pelas consultas. Diz que algumas especialidades estão com demanda ambulatorial reprimida em razão da pandemia. O município oferece os serviços de oftalmologia geral nas Policlínicas Centro e Alvarenga, oftalmologia para baixa visão no Centro Especializado em Reabilitação (CER IV) e exames e cirurgias oftalmológicas, por meio do contrato de prestação de serviço no Ambulatório de Especialidades Médicas da Faculdade de Medicina do ABC.
Único município sem filas
São Caetano não tem filas de espera. Realiza, em média, 3,3 mil consultas, além de 300 cirurgias e procedimentos por mês. As especialidades atendidas pela rede pública são de atendimento geral (retina, córnea, estrabismo, glaucoma, plástica ocular e oftalmo pediatria), cirurgias (catarata, retina, pterígio, estrabismo, plástica ocular e trabeculectomia), exames (USG, campimetria computadorizada, OCT, retinografia colorida binocular, retinografia fluorescente bincular, paquimetria, topografia, biometria ultrassônica, microscopia especular, topografia computadorizada e paquimetria ultrassônica) e procedimentos (lasers, iridotomia e capsulotomia).
Contatadas, as prefeituras de Santo André e Mauá não responderam até o fechamento da reportagem.