
Entre agosto e setembro deste ano, ocorreu a Campanha Nacional de Multivacinação, cujo objetivo era vacinar o maior número de pessoas contra a poliomielite e atualizar o calendário vacinal daqueles que estão atrasados. No entanto, dados do Ministério da Saúde revelam que menos de 70% do público-alvo buscou a imunização durante o período.
Em entrevista ao RD, o professor e infectologista da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Munir Akar Ayub, explica que a vacinação é fundamental para que a doença – hoje erradicada – não volte a circular no País. “Quem nasceu próximo aos anos 1960 provavelmente conviveu com pessoas que presenciaram casos de paralisia e, consequentemente, muitos óbitos também ocorreram por causa da doença. Por isso não queremos que volte”, afirma o médico ao afirmar que por conta da movimentação de pessoas no mundo ser muito maior do que antigamente, é preciso ter ainda mais cautela para que a doença não seja reintroduzida na sociedade.
Um dos principais agravantes para o baixo índice de imunização, de acordo com o infectologista, se dá pela logística dos postos de saúde em todo País. “Os postos de saúde, na maior parte do Brasil, funcionam de segunda a sexta, em horário comercial, e isso dificulta para que as pessoas possam levem seus menores para fazer a imunização”, comenta o médico.
Segundo Ayub, uma possível solução para o problema seria que o poder público determinasse uma ampliação no horário de funcionamento das unidades de saúde, ou horários alternativos, para que as pessoas pudessem aumentar a cobertura vacinal. “Estender o horário de funcionamento, ou, eventualmente ampliar a vacinação também para os finais de semana auxiliariam na campanha de imunização”, afirma.
Doses da vacina
As primeiras três doses da vacina são aplicadas de forma injetável, com dois, quatro e seis meses de vida, respectivamente. Já para aqueles que precisarem de quarta e/ou quinta dose, a aplicação ocorre de maneira oral, em gotas.
Ao RD, o infectologista explica serem três os vírus que causam a poliomielite, e a vacina aplicada nos postos de saúde já está apta a combater todos. “O imunizante é aplicado de forma intramuscular e contém amostras ‘mortas’ dos vírus, ou seja, o vírus inativado ajuda o sistema de defesa do corpo a fortalecer os anticorpos”, explica.
Todas as crianças abaixo de cinco anos de idade precisam ser vacinadas de acordo com o esquema de vacinação e campanha nacional todo o ano.