
Importante espaço dedicado à cultura literária no ABC, a Casa da Palavra, em Santo André, precisa de um olhar do poder público. Quem passa pelo equipamento cultural cita a falta de conservação, manutenção e zeladoria ao notar buracos no telhado, sinais de vandalismo e manchas na pintura externa.
O poeta e vocalista Mateus Novaes, 41, frequentador do espaço há mais de 20 anos, conta que os problemas são antigos no local, mas é a primeira vez que nota um abandono tão extremo. “Essa é a primeira vez que vejo a Casa da Palavra assim. Um pouco antes da pandemia, os equipamentos já estavam em péssimas condições, mas de lá pra cá só piorou”, diz.
Novaes, que faz parte do Conselho de Cultura da Sociedade Civil, diz já ter indagado a Secretaria de Cultura da cidade a respeito da manutenção no local, mas o retorno foi de que não há verbas para reforma no momento. “Eles sempre falam a mesma coisa, que não possuem dinheiro. Mas os moradores percebem a falta de empatia da máquina pública e o descaso com esse espaço que é tão importante”, frisa.
O poeta expõe, ainda, a importância da Casa da Palavra para a região. “O espaço já foi muito frequentado, sempre foi importante por espalhar literatura e música na região”, critica.
A professora Silvia Helena Passarelli, 64, representante do Comdephaapasa (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André), conta que ocorreram furtos e ações de vândalos no equipamento cultural durante a pandemia e, dois meses atrás, teve uma proposta do Conselho para revitalizar o local. “Recentemente foi aprovada uma proposta, dentro do Conselho do Patrimônio para fazer a reforma na estrutura da Casa da Palavra, mas até o momento não obtivemos nenhuma resposta por parte da Prefeitura”, diz.
Auditório Heleny Guariba
Silvia frisa que a Casa da Palavra não é o único equipamento cultural da cidade que apresenta problemas. “O Museu de Santo André também apresenta problemas no telhado e na estrutura”, cita. Segundo a representante, o assunto está sendo tratado há mais de dois anos, mas ainda sim a Prefeitura não tem tomado providências. “Essa semana estive no Auditório Heleny Guariba (Centro) para um Congresso de História e encontramos fungos dentro dos projetores. A plateia não conseguiu acessar as imagens e vídeos por conta dessa falta de cuidado”, diz a professora.
Thina Curtis, 47, que também atua na cidade como arte educadora, diz ter presenciado as ações de vandalismo ao longo da pandemia e, desde então, não tem visto movimentações do poder público. “Eu, como artista andreense que muito depende de equipamentos públicos, me sinto triste e frustrada com o descaso do poder público com o patrimônio público e cultural do município”, comenta.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura informa que projetos de reforma da Casa da Palavra Mário Quintana e do Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa já foram elaborados e aprovados pelo órgão de preservação competente, o Comdephaapasa, e aguardam recurso orçamentário para execução.
Na Casa da Palavra, as intervenções previstas envolvem reforma da área de pele de vidro (“cubo”), troca de calhas e telhas, colocação de grades, reforma dos banheiros, troca de piso do mezanino, instalação de elevador para tornar o prédio acessível, além de impermeabilização das paredes do pavimento térreo. Já no Museu, o projeto prevê reforma dos pisos as varandas e do telhado/cobertura, além dos sanitários e rampas para acessibilidade.
Quanto ao projetor do Auditório Heleny Guariba, a Prefeitura diz que o equipamento apresentou recentemente falhas devido ao desgaste pelo tempo de uso e será enviado para avaliação técnica.
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