
Levantamento da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores) mostra que a venda de veículos usados e seminovos caiu 15% no ABC, seguindo tendência dos últimos meses, considerada uma acomodação do mercado depois do boom de vendas verificado em 2021, quando o consumidor migrou para o seminovo por falta de veículos novos que não chegavam às lojas por conta da crise mundial de falta de semicondutores.
No acumulado de janeiro a novembro de 2021 as lojas de carros usados e seminovos da região venderam 235.082 carros, no mesmo período deste ano foram 199.505 veículos comercializados. As vendas também caíram se comparados os meses de novembro; em 2021 foram 20.436 carros comercializados contra 19.012 vendas no mês passado, queda de 6,9%.
Para o presidente da Fenauto, Enilson Sales, as vendas de novembro foram profundamente afetadas por conta dos dois feriados (dias 2 e 15) e pelos jogos da Copa. “Nesta sexta-feira (09/12) por exemplo, num dia que seria forte de vendas, não vamos ter negócios porque é dia de jogo. Então foram eventos sucessivos que influenciaram novembro. Eu diria que dezembro poderia já iniciar uma recuperação se não tivéssemos os jogos também”, analisa.
Sales diz que as taxas de juros altas e o mercado ainda conturbado desde o fim das eleições não criam um clima favorável para que as vendas de usados cheguem a um patamar de estabilidade. Na sua previsão isso só deve ocorrer em meados do segundo trimestre de 2023. “A indefinição está longa, desde a eleição até agora e a futura equipe econômica não foi anunciada, isso deixa o mercado inseguro. Além disso, tivemos uma eleição muito polarizada e tem metade torcendo contra porque não houve aproximação das forças políticas. O crédito está restrito, o juro está alto e os bancos restringem o crédito com medo da inadimplência. Eu acredito que no segundo trimestre as coisas devem melhorar e em abril o sol vai começar a aparecer”, prevê.
Ainda de acordo com o presidente da Fenauto, o mercado de usados depende muito das vendas de novos. “Eu costumo dizer que não se tem fábrica de carro usado, então a gente depende dos novos, é uma cadeia. A indústria hoje está produzindo em patamares de 2015/2016, ou seja, retrocedeu então ainda falta carro novo. Os carros que deixaram de ser produzidos em 2019, 2020 e 2021, fazem falta hoje no mercado de usados, que seriam os seminovos que as lojas precisam. Por isso é que o um mercado depende do outro é como uma roda dentada que movimenta a outra, se um vai bem o outro também vai”, finaliza.