Em 2023, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo Andre e Mauá completa 90 anos de luta pelos direitos dos trabalhadores na região. Hoje são 8 mil trabalhadores nas duas cidades, 4 mil associados na categoria, além dos aposentados associados que somam outros mil membros. Mesmo com as conturbações da pandemia, o sindicato conseguiu articular importantes causas como o aumento de salário e PLR para a maioria dos trabalhadores da base. Neste momento, a luta é para tentar reverter as 87 demissões da Paranapanema, em Santo André. Leia aqui

Ao fazer um balanço, Cícero Firmino da Silva, conhecido como Martinha, presidente do sindicato, diz que 2022 foi um ano difícil. “Mas conseguimos superar”, afirma. Otimista com relação ao futuro da categoria, tem expectativa de que os trabalhadores de base e filiados aumente. Mas para isso, diz, o Estado e País precisam investir junto aos empresários. “Seria uma utopia achar que os metalúrgicos voltariam aos níveis dos anos passados, mas entendemos que é possível outras categorias crescerem como tem acontecido com o comércio e serviços”, afirma.
Sobre a demissão em massa realizada recentemente pela siderúrgica Paranapanema, em Santo André, o sindicalista tece críticas. “Primeiro demitiram e depois entraram com recuperação judicial, ou seja, a indenização fica presa na questão administrativa, por isso fizemos as manifestações”, explica Martinha ao se referir ao ato realizado na avenida dos Estados e em frente à empresa.
Martinha afirma que o sindicato está atento se a empresa pretende realmente se recuperar ou vai optar pelo fechamento, e que segue com articulação e busca em torno das opções possíveis em garantia dos trabalhadores demitidos, e dos que continuam na fábrica (400 colaboradores. “Queremos que isto se resolva o mais rápido possível e, na sequência, acompanhamos a recuperação para que não haja mais demissões”, diz.
Sobre a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, o dirigente reserva muita expectativa para o futuro mandato. “Hoje vivemos, lamentavelmente, um Brasil dividido, acho que política não se faz assim”, diz. “Lula para mim é como o Pelé no futebol, você pode torcer para qualquer outro time, mas ninguém supera. Por isso esperamos que ele faça um Brasil unido de novo”, completa. Sobre a indicação do ex-prefeito de São Bernardo e ex-ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, alçado ao Ministério do trabalho, Martinha foi direto. “Não teria melhor nome para o ministério”, diz.
Futuro do sindicalismo
O dirigente acredita ainda que o protagonismo do movimento sindical depende da capacidade de mobilização dos sindicatos que precisam ter liberdade para discutir com os trabalhadores. “Não podemos trabalhar para todos da base e arrecadar apenas com os sócios, temos que ter liberdade dos trabalhadores discutirem em assembléia o que é melhor para sua entidade”, afirma o presidente sindical que se declara contrário ao imposto sindical.