
Na última semana, Ribeirão Pires começou a recepcionar 35 esculturas em aço inox para a nova exposição do artista Lúcio Bittencourt, na região central da cidade. Acontece que a exposição não tem sido vista com bons olhos por toda população, que questiona o significado dos objetos e o valor para a aquisição e instalação dos equipamentos na cidade.
A professora do ensino fundamental, Martha Fonseca Dantas, 41, diz ter se assustado ao acessar a rua Capitão José Galo e, na subida do viaduto, se deparar com o monumento de um cavalo “apoiado” no chão. “Antes tinha um cavalo de aço que todo mundo gostava, daí tiraram, ficou um tempo sem e do nada surgiram com esse (cavalo) que mais parece estar saindo de um buraco”, diz.
A moradora da Vila Aurora questiona o valor para a instalação das estátuas e frisa, ainda, a necessidade de reforma dos equipamentos culturais na cidade. “Ao invés de gastarem com a instalação dessas estátuas em uma cidade que só chove, não seria melhor reformarem o teatro ou outros equipamentos que estão esquecidos em Ribeirão? E de onde vem esse dinheiro todo, para esse monte de estátuas na cidade?”, questiona.
Nas redes sociais, munícipes dividem opinião sobre a instalação do cavalo de aço e outras esculturas de aço na cidade. “Alguém poderia explicar o significado, história ou o que quer que seja esse ‘monumento’ na cidade? Pergunto pois já me perguntaram e não faço a mínima ideia”, diz um munícipe. Outro responde: “É uma referência ao ‘tropeirismo’ que levavam produtos para vendas”, brinca.
Em nota, a Prefeitura esclarece que a exposição, intitulada como “Imagens de Aço”, é gratuita, e ficará ativa em um período de três meses na cidade, a contar a partir do último dia 23. O principal objetivo é levar arte a alguns pontos do município, a exemplo o entorno do Centro de Exposições e História Ricardo Nardelli, que atualmente abriga um acervo de mais de 120 obras.
Sem diálogo
Os membros da sociedade civil do Conselho Municipal de Políticas Culturais também se dizem insatisfeitos com a instalação das obras na cidade. Em nota, o Conselho diz que sequer foi consultado em relação a aquisição das obras, em especial a com formato de cabeça de cavalo, popularmente conhecida como “cavalo atolado”, ou “cavalo de Troia”, que tem grande proporção. “Assim como a população, também fomos pegos de surpresa”, diz Fernanda Henrique Souza de Lima, presidente do Conselho.
Segundo Fernanda, tal obra surgiu logo após a eleição municipal suplementar, o que gerou curiosidade aos cidadãos não só pelos custos da obras, mas também pela motivação da aquisição das artes. “Ainda que as obras tenham sido gratuitas, e os custos para a instalação e o transporte desses objetos? questiona.
Em razão da falta de diálogo e transparência, o Conselho colocou o assunto como pauta principal da próxima reunião ordinária, que acontece no dia 10 de janeiro, na Pinacoteca Municipal. “Convidamos todos cidadãos a participar da reunião e ouvir o que o poder público tem a explicar sobre custos e critérios para a aquisição de tal obra”, afirma.