
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com a diretoria da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na última semana, demonstrou preocupação com a desindustrialização no Estado de São Paulo e propôs algumas ações, a nível nacional, para reverter o quadro e garantir que empresas continuem com suas plantas no Brasil. Dois dias depois, na sexta-feira (20/01), de se encontrar com a classe empresarial, Alckmin se reuniu, em Brasília, com sindicalistas e metalúrgicos do ABC.
O grupo debateu ações para a reindustrialização. “O vice-presidente afirmou que a reindustrialização do Governo terá prioridade na agenda e procurará melhorar a competitividade do parque industrial brasileiro, aproveitando novas oportunidades da economia verde, bioeconomia e fortalecendo a agroindústria, energias renováveis e polos petroquímicos”, relatou o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Aroaldo Silva.
As falas de Alckmin indicam um novo caminho nas relações institucionais entre governo e sindicatos. Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente dos Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, diz que há uma “abertura positiva” de diálogo. “Precisamos amadurecer os pensamentos já existentes, montar uma pauta para essa discussão, mas o que foi dito por Alckmin está a contento e demonstra uma perspectivas de as coisas acontecerem”, afirma.
Cidão discorre que existe uma “confiabilidade” de que as propostas serão colocadas em prática, isso porque, na avaliação dele Alckmin, ainda como governador, manteve bons relacionamentos e sempre cumpriu com suas com os combinados.
O encontro, apesar de ser com a classe empresarial, mostra um novo caminho a ser seguido, avalia Cícero Firmino, o Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. “O governo anterior não dialogava com ninguém, não mostrava caminhos, este começa bem, dialogando com todos os seguimentos da sociedade. Agora é a hora de recuperar o tempo perdido e colocar o Brasil no caminho do desenvolvimento”, afirma.
No geral, Alckmin, homem mais ligado a centro-direita, enquanto governador, sempre manteve uma posição republicana e democrática, ao dialogar com diversas frentes. Este trânsito mostrou a Lula a importância de ter o ex-adversário político no mesmo time e em um ministério estratégico.
Moisés Selerges Júnior, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, comenta que as pautas apresentadas são benéficas para a reindustrialização do País. “O Alckmin está construindo a política dele e nós queremos ajudar com nossas propostas. A vantagem é que há abertura de diálogo”, diz.
Alckmin se comprometeu, na reunião com a Fiesp, a olhar com atenção para duas questões caras à indústria de transformação paulista: carga tributária e competitividade. De forma ampla, com o setor fortalecido, há diminuição na desocupação e melhores condições salariais são apresentadas aos trabalhadores. “A reforma pode fazer o Produto Interno Bruto (PIB) crescer e trazer eficiência”, disse o ministro na ocasião. “Queremos audiência e diálogo permanentes para poder aproveitar todas as oportunidades”, completa.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, o novo governo, chefiado por Lula, “deu demonstrações claras de que deseja reindustrializar o Brasil”, afirma.

Na mesma semana, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, recebeu, em Brasília, representantes das centrais sindicais, dos motoboys e de outros trabalhadores por aplicativos. A movimentação é mais um sinal de que se existe a disposição de dialogar com todas as frentes, sejam elas empresariais ou trabalhadoras. O ministro do Trabalho declarou que sabe das diversas opiniões que existem entre essas categorias e elas serão levadas em consideração. “Nosso empenho será para garantir a empregabilidade com remunerações justas e proteção social”, afirma.
Alckmin, por sua vez, apesar estar a aberto ao diálogo, não carrega em sua história a experiência sindical de Marinho, que viveu, ao lado de Lula, momentos de luta trabalhista no ABC. No entanto, Marinho, enquanto prefeito, manteve apesar do distanciamento político-ideológico bom relacionamento institucional com Alckmin.