
Dados das prefeituras do ABC revelam que, atualmente, 1.411 pessoas vivem em situação de rua entre as sete cidades da região. De maio de 2022 a janeiro deste ano, houve um aumento desta população em 46,83% (450 pessoas migraram para as ruas).
Os dados mostram que somente em Ribeirão Pires, 21 pessoas se encontram em situação de vulnerabilidade. Ainda de acordo com a Prefeitura, as pessoas que se encontram atualmente em situação de rua recusam os atendimentos na Casa de Acolhida ou qualquer tentativa de acolhimento e ressocialização.
Em 2022 foram atendidas 253 pessoas em situação de rua pela Casa de Acolhida, no ano anterior, 266 buscaram apoio e acolhimento, o serviço de assistência social ainda discorre que no ano de 2022 foram atendidas 239 pessoas em situação de rua pela Casa de Acolhida e 197 pelo Centro Provisório de Acolhimento (emergencial inverno). Nos últimos 90 dias, na média, 57 pessoas foram recepcionadas pelos serviços municipais.
São Bernardo informa que atualmente tem mapeada uma população de 450 pessoas em situação de rua e que atua de forma permanente para garantir a assistência social deste público.
Abordagem diária
Em São Caetano, existem aproximadamente 200 pessoas em situação de rua referenciadas, entre as que fixam moradia e as que se estabelecem em serviços de acolhimento. A Prefeitura mantém serviço especializado de abordagem social às pessoas em situação de rua, que foi ampliado em outubro de 2022 (de 3 para 18 profissionais). A abordagem social diária tem o objetivo de ofertar serviços que garantam a cidadania e dignidade.
Outras 200 pessoas e extrema vulnerabilidade social vivem nas ruas de Mauá. Segundo a administração, baseado nos registros dos últimos dois anos, houve um aumento de 320% nos atendimentos a esta parcela da população. Ainda de acordo com a Prefeitura, o centro POP atende, em média, 120 pessoas por mês.
Diadema conta com cerca de 200 pessoas em situação de rua com acolhimento a todas. Dados mostram que houve o aumento desta população logo após a pandemia ao chegar a 260 pessoas, mas o número tem se reduzido desde 2022.
Santo André tem média de 340 pessoas que residem nas ruas do município. Em 2021, antecipando um possível aumento com a pandemia, o modernizou alguns dos serviços de atendimento e, com isso, foi possível identificar o aumento de pessoas que utilizam a rua como espaço de sobrevivência.
Custo de vida
Paula Brito Agliardi, professora de Sociologia da Fundação Santo André, aponta os principais motivos que levaram famílias inteiras para as ruas, como o aumento do custo de vida, a drogadição e o alcoolismo.
Apesar da dificuldade de confrontar números exatos, por conta da movimentação destas pessoas dia após dia entre as cidades vizinhas, há uma percepção no aumento da população de rua nos últimos dois anos. “O aumento do custo do aluguel no último período, talvez um dos mais altos em quatro ou cinco anos, teve uma interferência”, comenta a socióloga.
Uma soma de efeitos e variáveis pode ser considerada para o aumento rápido da população de rua. “Se olharmos para o volume da massa salarial vamos observar que ela diminuiu, apesar de ter se elevado o número de empregos. As pessoas não têm mais o mesmo nível de acesso à renda antes da pandemia, por terem trabalhos mais precarizados”, afirma.
A questão da saúde mental deve ser levada em consideração, segundo a professora. Durante a fase dura da pandemia, o uso de drogas e álcool teve uma explosão, frisa Paula Brito Agliardi.