
O bloco de apoio à candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) ao comando do Senado, formado por PL, PP e Republicanos, quer colar no atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o carimbo de omissão, na tentativa de mostrar que aliados do governo Lula teriam “contribuído” com a depredação do Congresso, no último dia 8 de janeiro, durante atos golpistas em Brasília.
No anúncio da aliança entre os três partidos do Centrão, neste sábado (28/01), Marinho defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar “falhas e omissões” que levaram à destruição dos prédios públicos. Ex-ministro de Desenvolvimento Regional do governo de Jair Bolsonaro, Marinho disse que não poderia fazer “julgamento prévio” quanto à responsabilidade de Pacheco, mas tentou jogar para o lado do adversário a pecha de não defender as instituições.
Candidato à reeleição, Pacheco é favorito na disputa, e enfrenta intensos ataques de bolsonaristas nas redes sociais. Desde os ataques do último dia 8, porém, apoiadores de Pacheco passaram a associar Marinho, que é apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro, à defesa da ruptura.
Aliado de Marinho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) disse que os protestos ocorridos nos últimos meses, como os atos de 8 janeiro e o vandalismo observado após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreram porque Pacheco “não teve a capacidade e a visão de promover a pacificação e o diálogo”. Flávio também insinuou que a atuação dos atuais chefes dos Poderes colaborou para a crise política no País e chegou a classificar as manifestações golpistas em frente aos quartéis como “pacíficas”.
Ex-líder do governo Bolsonaro (PL) no Senado, Carlos Portinho (PL) argumentou que os ataques às sedes dos três Poderes, no dia 8, ocorreram porque “todas as lideranças falharam”. Portinho responsabilizou Pacheco, Lula e membros do Judiciário por não terem pacificado o País, o que, na sua avaliação, poderia ter contribuído para a tentativa de golpe.
A estratégia do bloco de oposição a Pacheco adota o discurso de que é necessário conter o que chama de “excessos” do governo Lula e de setores do Judiciário. O bloco também critica o apoio que o atual senador recebeu de Lula.
Legado
Marinho defendeu diversas vezes os “legados” das gestões de Bolsonaro e do ex-presidente Michel Temer (MDB), sobretudo na área econômica. Ele prometeu construir uma agenda liberal e de defesa da liberdade de expressão, caso vença Pacheco na disputa pelo comando do Senado. O senador eleito condenou as falas do petista sobre Temer ter aplicado um “golpe” durante o processo de impeachment que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Apesar dos ataques à atuação de Lula e do Judiciário, Marinho disse que a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF, em especial os endereçados a Alexandre de Moraes, não devem prosperar de imediato se ele vencer a eleição.
O afastamento de Moraes é uma das principais pautas defendidas pelos bolsonaristas, que enxergam no magistrado uma ameaça à liberdade de expressão e aos direitos individuais. O senador eleito defendeu estabelecer diálogo institucional com todos os Poderes antes de adotar medidas mais enérgicas.