Embora a vida pareça ter voltado aos padrões normais, a pandemia da covid-19 ainda não acabou, pois o vírus continua a circular entre a população. Hoje a média é de 100 óbitos por dia no Brasil, mas não se pode baixar a guarda. O alerta é do infectologista Munir Akar Ayub, professor de Infectologia do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC.
A partir de 27 de fevereiro terá início a vacinação com doses da Pfizer bivalente. Na primeira etapa serão vacinadas pessoas com 70 anos ou mais, imunocomprometidas, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, seguidas de grupos de 60 a 69 anos, gestantes e profissionais da saúde.
As primeiras vacinas aplicadas no Brasil, chamadas monovalentes, têm como base o vírus que apareceu em 2019, na China. Porém, o vírus que circula hoje é uma variante do vírus original chamado de cepa Ômicron.

Embora a vacina bivalente seja superior, a monovalente mantém sua eficácia. “As vacinas não têm pretensão de evitar a doença, mas evitar que as pessoas evoluam de forma grave e até cheguem a óbito. É importante que se mantenham vacinadas, independente de ser mono ou bivalente”, explica o infectologista, ao reiterar que a vacina bivalente deve ser feita pelo menos três meses após a vacina monovalente.
Alem da vacina bivalente da Pfizer, existe outro laboratório que fabrica o imunizante da Moderna – utilizada na Europa e EUA, que pediu autorização para licenciamento no Brasil, e no momento aguarda aprovação da Anvisa. “Acredito que até o meio do ano teremos as duas vacinas à disposição no Brasil”, comenta Munir. Neste momento apenas a vacina da Pfizer foi aprovada para maiores de 12 anos no Brasil.
A liberação é sempre mais demorada para crianças, na opinião do professor. Porém, a vacina monovalente já está liberada para crianças a partir dos seis meses. “Enquanto isso, a orientação é seguir com vacinação nas crianças. Acho incrível ter vacinas sobrando nos postos de saúde e mais de 50% da população brasileira sequer tomou a segunda dose de reforço”, pondera.
Munir afirma que não é apenas a vacina da covid-19 que caiu em descrédito entre a população, mas todas as outras. “Descrédito infundado devido a componentes sociais e políticos. Isso por graças a fake news que circulam livremente pela internet mostrando raríssimos casos de efeitos colaterais”, ressalta.
O médico explica que vacinas podem ter efeitos colaterais, porém as chances são infinitas vezes menores do que as probabilidades de complicações geradas pelas doenças. “Hoje corremos risco de reintroduzir no Brasil doenças, como poliomielite e aumento do sarampo, com a baixa adesão de imunização”, comenta.