
Os números e as percepções do dos empresários do setor de turismo são animadoras para esse ano depois de um 2022 que já demonstrou melhora no segmento econômico que mais sofreu com a pandemia. Só o setor aéreo movimentou 82,2 milhões de passageiros no ano passado, registrando o melhor resultado desde o início da emergência de saúde pública. Porém os números ainda são inferiores ao de 2019, quando foram transportados por via aérea 95 milhões de passageiros. Mas viajando de avião, de ônibus ou até de carro, o que importa é que o setor está se reerguendo após a maior crise da sua história.
Alguns aeroportos, onde estão os destinos turísticos bastante procurados internamente e pelos estrangeiros até superaram o período pré-pandêmico, são eles o Santos Dumont, no Rio de Janeiro; o de Maceió (AL); e o de Recife (PE). Os destaques ficam para os terminais carioca e alagoano, que registraram alta de 11,8% e 8,13%, respectivamente, na movimentação do último ano. As informações do setor aéreo são alguns indicativos de que o turismo está quase respirando ares de normalidade.
“O setor está se recuperando”, diz Sandra Martins Caetano, da SMC Turismo (contato em @smcturismoficial e 11-9.8339-4648), que trabalha há 15 anos na área e viveu, como muitos do setor, uma crise avassaladora durante a pandemia. Durante a pandemia a empresária teve que tomar uma das decisões mais duras da sua história neste ramo que foi a de fechar a loja física, migrando para o trabalho online. “Foi muito difícil não ter espaço para atender os clientes; o home office necessita de muita organização”, explicou. Mesmo recuperando-se Sandra não conseguiu manter os empregos que tinha antes da emergência de saúde. “Eu não consegui mais contratar. As dívidas da pandemia demoraram para sanar. Eu nunca parei, mas tivemos momentos muito fracos”, diz a empresária.

O momento, no entanto é de otimismo. “2022 foi muito melhor que 2021. Começamos a respirar um pouco mais, os clientes voltaram a viajar. Hoje as pessoas estão retomando as viagens, por causa das perdas que tiveram na pandemia, muita gente está reconsiderando os gastos, pensando mais em viajar do que, por exemplo, trocar de carro”, diz a empresária.
Apenas no mês de dezembro, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) contabilizou a movimentação de quase 7,7 milhões de passageiros. O índice foi o melhor do ano, ultrapassando o mês de julho, que havia registrado 7,65 milhões de passageiros. Mas a preferência, por conta do custo, ainda são as viagens rodoviárias.
Segundo a proprietária da SMC as viagens de ônibus são as mais procuradas. “Devido ao aumento da tarifa aérea o rodoviário é a aposta para este ano”, diz a empresária que contabiliza que o gasto médio de uma família gira em torno de R$ 6 mil a R$ 8 mil. Se for apenas um casal o gasto médio com uma viagem é de R$ 4 mil e se for uma pessoa sozinha as pessoas estão dispostas a gastar até R$ 2 mil.
Casada e mãe de duas filhas, Sandra por vezes viaja e conta com a ajuda do marido para cuidar das crianças. “As pessoas acham que é fácil essa vida, mas não é, hoje eu estou trabalhado em alto mar e minha pequena está com o pai. Me orgulho da mulher profissional que me tornei sem ter que abrir mão da minha família”, completa.
Na agência BeFly Travel do Shopping ABC, o movimento foi grande em dezembro. A loja foi a primeira da região da nova marca do grupo FlyTour e que passou pela transição que envolveu não apenas o visual da loja, mas também toda a filosofia de atendimento. O franqueado Deivide Dalto, explica que a mudança também ajudou a melhorar as vendas, mas o fator principal foi mesmo o setor ter se libertado das restrições e exigências que vieram com a pandemia da covid-19. Na BeFly as vendas em dezembro cresceram 23% se comparado com mesmo período de 2017, até então o melhor dezembro da história da loja que tem sete anos. (informações em: 4437-4243 ou shoppingabc@flytour.com.br).
“Ouvi ontem de um cliente: ‘finalmente retomamos’. Isso tem sido o que mais ouvimos na loja porque ninguém aguentava mais se privar de viajar e de ter bons momentos em família”, disse Dalto sobre o alívio das pessoas em poderem voltar fazer turismo. “Esse momento tem muito a ver com o turismo nacional estar totalmente aberto e o turismo internacional também funcionando sem nenhuma restrição, somente alguns países têm uma ou outra exigência, quando chegaram a ser três ou quatro exigências para entrar no país”, diz o empresário.

Na BeFly os pacotes que mais vendem são para os resorts nacionais e para o Caribe, em segundo lugar vêm os cruzeiros. “Nunca tivemos tanta procura por cruzeiros, acho que isso é uma combinação da temporada, com o reflexo do ano passado em que muita gente foi obrigada a remarcar a viagem, por causa da pandemia. Agora mesmo vamos sair com um grupo da terceira idade que fechou um pacote de 25 cabines”, diz Deivide Dalto.
O empresário disse ainda que a perspectiva é muito boa para este ano, principalmente com o governo federal reforçando a ideia de baratear as passagens aéreas, para que elas estejam acessíveis até para a população pobre. “Isso contamina positivamente o mercado, mas o importante é que o turismo é um produto muito versátil, que se encaixa ao cliente. Ocorre do cliente vir à loja e ver que não consegue fazer a viagem totalmente do jeito que sonhou, mas pode fazer no rodoviário, no lugar do avião, pode alugar um carro, enfim tem opções”, diz Dalto.
Segundo pesquisa da franqueadora, em média os clientes da BeFly do Shopping ABC investem, em média R$ 4 mil, por pessoa em uma viagem. O setor segue retomando o terreno perdido na pandemia. A franquia, por exemplo, já voltou a contratar, o que é um bom termômetro.